O esquema de rachadinha envolvendo Flávio Bolsonaro, então deputado estadual no Rio de Janeiro, aparentemente é uma das heranças de seu pai, segundo três reportagens publicadas pelo site Uol nesta segunda-feira (5). Indícios mostram que, enquanto deputado federal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) montou um esquema ilegal de entrega de salários dentro de seu gabinete.
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De acordo com a ex-cunhada do capitão reformado, Andrea Siqueira Valle, Bolsonaro chegou a demitir do gabinete André Siqueira Valle, seu irmão, após se negar a entregar quase 90% de seu salário de assessor a Bolsonaro, em 2007.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’”, afirmou Andrea à reportagem da colunista Juliana Dal Piva.
Tanto Andrea quanto André fizeram parte dos 18 parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente, que foram nomeados para o gabinete de Bolsonaro, enquanto ainda era deputado federal, entre 1991 e 2018.
No início do casamento entre Ana Cristina e Jair Bolsonaro, a então esposa do deputado começou a recrutar familiares. Teria dito, em uma das ocasiões, que precisava somente do CPF de quem aceitasse trabalhar no gabinete do deputado federal. Teria dito ainda que não seria necessário trabalhar todos os dias, mas apenas distribuir panfletos durante as campanhas eleitorais. O combinado, no entanto, era devolver 90% do salário todos os meses.
Esquema de rachadinha envolvendo Flávio Bolsonaro seria herança de gabinete de seu pai, Jair Bolsonaro/ Sérgio Lima/AFP
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Funcionária fantasma
A ex-cunhada confirmou, inclusive, ter sido funcionária fantasma de Flávio Bolsonaro. Segundo um inquérito do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), ela recebeu R$ 674,9 mil, entre 2008 e 2018, enquanto funcionária do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Do total, ela sacou 98%, ou seja, R$ 663,6 mil.
Em uma segunda reportagem, o Uol revelou que em um áudio entre a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, ambas afirmam que o presidente Jair Bolsonaro não deixaria Queiroz voltar para a política tão cedo após uma reportagem do jornal O Globo revelar que Queiroz fazia articulações políticas mesmo após o MP-RJ começar a investigar o esquema de rachadinha dentro do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
“É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio”, afirmou Márcia. Em resposta, Nathalia disse à madrasta: “O advogado, o 01, todo mundo vai comer o c* dele”.
Flávio Bolsonaro e Fabricio Queiroz fazem o gesto da “arminha”, uma das marcas da campanha presidencial do PSL em 2018 / Reprodução/Instagram/Flávio Bolsonaro
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Além de Queiroz, o Uol mostrou ainda que o coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson, colega de Bolsonaro do tempo da Academia Militar das Agulhas Negras, atuou no recolhimento dos salários dos assessores do antigo gabinete de Flávio. A informação também é da ex-cunhada de Jair Bolsonaro, Andrea Siqueira Valle, que é sobrinha de Hudson.
“O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele”, disse Andrea em um áudio divulgado à reportagem por ela mesma.
Segundo o MP-RJ, que também investiga Hudson, constatou-se 16 saques que totalizaram R$ 260 mil na conta bancária e fiscal do coronel, ainda segundo a reportagem do O Globo. Um dos saques foi de R$ 43 mil, em dinheiro vivo.
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Edição: Vivian Virissimo