Com o objetivo de colocar uma lupa sobre o comportamento do eleitor e o resultado das suas escolhas, o Instituto Votorantim lança o Índice de Vitalidade Eleitoral (IVE), ferramenta inédita que se propõe a ser um termômetro de como está a saúde democrática de todos os municípios brasileiros. A análise é feita a partir de três eixos que indicam a saudabilidade nas eleições: “engajamento”, “diversidade e representatividade” e “alinhamento e competitividade”. O IVE faz um raio-x do contexto brasileiro e ajuda a compreender as diferenças e similaridades eleitorais em todos os municípios do país. Baseada na análise de dados oficiais, a ferramenta é de acesso livre e gratuito, disponível no site: https://www.programacidadania.org.br/indice-vitalidade-eleitoral/.
“Com o Índice de Vitalidade Eleitoral queremos fortalecer a cultura democrática no Brasil. O indicador permite um olhar apreciativo entre todos os municípios brasileiros. Por meio dos seus três pilares, avaliamos como está a participação do cidadão nas eleições, como a sociedade local está representada entre candidatos e eleitos e como se dá a competitividade no processo eleitoral e como fica a governabilidade após as eleições”, diz o gerente-geral do Instituto Votorantim, Rafael Gioielli.
O IVE atribui a cada município uma nota que varia de zero a 100, quanto mais alta a nota, maior é a vitalidade eleitoral. Esse resultado é calculado a partir do desempenho em cada um dos três eixos analisados, que têm pesos iguais. Cada eixo, por sua vez, é composto por subindicadores, com pesos ponderados, cuja base de dados vem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – referente às eleições de 2018 e 2020 – e do último Censo Demográfico apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010.
A média do desempenho dos municípios brasileiros ficou em 65 pontos. No ranking das dez cidades com melhor resultado no IVE, o Rio Grande do Sul se destaca por ter quatro municípios na lista, seguido de Goiás, com três. As três cidades mais bem colocadas nacionalmente foram Vespasiano Correa (RS) e Cantá (RR), ambas com 78 pontos, seguidas de Uiramutã (RR), com 77 pontos. Entre as capitais, as cinco melhor posicionadas são Goiânia (71 pontos); Macapá e Rio Branco (69 pontos); e Manaus e Palmas (68 pontos). As capitais com menor vitalidade eleitoral estão na região Nordeste: Recife (56 pontos), Salvador (58 pontos) e Maceió (59 pontos).
DESTAQUES DO IVE
Engajamento
O primeiro pilar do IVE indica como está a participação do cidadão de cada município nas eleições a partir da análise dos indicadores de abstenção passiva (quando o eleitor não comparece às urnas) e abstenção ativa (quando o eleitor opta por não escolher um candidato). São atribuídos pesos diferentes por faixa etária, com maior peso para abstenção ativa da população entre 16 e 17 anos, quando o voto é facultativo.
A média nacional neste eixo foi de 73 pontos, com a maioria dos municípios oscilando entre 59 e 93 pontos. O Norte possui maior taxa de engajamento, com 76 pontos no eixo, seguido pelo Sul e Nordeste, com 75 pontos. A região Sudeste registrou menor engajamento, com média de 69 pontos, resultado da menor taxa de participação (53 pontos) e dos votos válidos (86 pontos). Esse último dado já havia sido percebido pelo Índice de Alienação Eleitoral, também produzido pelo Instituto Votorantim e divulgado em junho.
Alinhamento e competitividade
O segundo pilar do IVE coloca um olhar sobre a competitividade do processo eleitoral avaliando se há uma real disputa entre partidos e candidatos. “A realidade no Brasil ainda é a de muitas candidaturas que não recebem votos, seja pela alta concentração da escolha do eleitor em poucos candidatos ou pela existência de candidaturas sem representatividade. Isso reduz a vitalidade do processo eleitoral”, explica Gioielli.
A partir dos resultados das eleições é analisado o alinhamento entre o poder executivo e o legislativo, estabelecendo-se como a “zona ideal” quando o percentual de alinhamento do legislativo com o executivo fica entre 40% e 60%. Dentro dessa margem é atribuída a nota 100. De acordo com o levantamento, 39% dos municípios brasileiros estão dentro desta faixa. “O ideal é uma taxa de alinhamento que permita a governabilidade sem que isso inviabilize a uma oposição com força para garantir o nível de debate democrático”, explica a analista do Programa Cidadania do Instituto Votorantim, Thamara Coelho.
O pilar de competitividade ainda avalia a alternância de poder. Os dados das três últimas eleições são positivos: 93% dos municípios brasileiros tiveram ao menos uma troca de partido no poder executivo municipal. O indicador leva em consideração a possibilidade de reeleição. Ou seja, a alternância só é pontuada após um eventual segundo mandato.
As regiões Norte e Centro-Oeste têm as melhores taxas de competitividade eleitoral, com 61 e 55 pontos, respectivamente. No subindicador “Proporção de candidatos e partidos efetivos”, que avalia as condições efetivas de competição entre os candidatos existentes, os melhores resultados são do Centro-Oeste e Sudeste, com 50 pontos cada. O Nordeste teve o pior desempenho nesse quesito (44 pontos). “Isso indica que apesar de o Nordeste ser uma das regiões com maior engajamento do eleitor, há uma baixa competitividade pois os votos convergem para poucos candidatos”, aponta Gioielli.
Diversidade e representatividade
Em seu terceiro pilar, o IVE comparou a correspondência entre o perfil de gênero (homens e mulheres) e raça (PPI – pretos, pardos e indígenas) da população do município com perfil dos candidatos disponíveis e dos representantes eleitos sob os mesmos recortes. A análise considera a representatividade em três dimensões: (1) na disponibilidade de candidaturas diversas; (2) na distribuição do total de votos entre esses perfis; (3) no perfil dos candidatos eleitos. Não foi possível incluir nesta edição do IVE a correlação de representatividade pelo recorte LGBTQIA+ devido à ausência desses dados no Censo.
A média dos municípios brasileiros foi de 61 pontos. O indicador que mais pontua para a vitalidade deste eixo é a disponibilidade de candidatos aderente às características de raça e gênero da população do município. O resultado revela que a maior representatividade ocorre na esfera local, principalmente no âmbito dos vereadores, porém vai sendo reduzida na medida em que se avança para as esferas estaduais e federal e para os cargos do poder executivo (prefeitos, governadores e presidente). “Mulheres e PPIs são maioria na população brasileira, mas não são maioria entre os candidatos, nem entre os que recebem votos e os que são eleitos. Essa desigualdade evidente de gênero e raça no processo eleitoral é o que torna relevante pensar na representatividade como um indicador de vitalidade”, explica Gioielli.
O IVE faz parte do Programa Cidadania, lançado em 2018 pelo Instituto Votorantim com o objetivo de promover a cultura cidadã no país e gerar reflexões na sociedade através da produção de conhecimento e de iniciativas de estímulo à participação democrática. Todas as iniciativas do Programa Cidadania estão disponíveis no site.
Confira mais alguns destaques do IVE:
- A média do desempenho dos municípios brasileiros no IVE foi de 65 pontos, sendo 48 pontos a menor nota e 78 pontos, a maior.
- A maioria (16) das capitais brasileiras possui pontuação geral no IVE acima da média nacional. A maior é Goiânia, com 71 pontos.
- A menor taxa de participação está entre os eleitores cujo voto é facultativo (de 16 a menos de 18 anos e a partir dos 70 anos).
- Os cargos que contam com maior taxa de votos válidos são os da esfera local, como vereador e prefeito.
- No eixo diversidade e representatividade, a média nacional foi de 61 pontos, um pouco abaixo da média nacional geral do IVE. Também foi o recorte com maior variação entre municípios, com resultados que vão de 30 a 85 pontos.
OS 10 MUNICÍPIOS MAIS BEM POSICIONADOS DO BRASIL | ||||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | EIXOS IVE | ||
ENGAJ. | DIV. E REPR. | ALINHAM. E COMP. | ||||
1º | Vespasiano Correa | RS | 78 | 86 | 76 | 70 |
2º | Cantá | RR | 78 | 85 | 70 | 78 |
3º | Uiramutã | RR | 77 | 81 | 76 | 74 |
4º | Novo Barreiro | RS | 77 | 83 | 74 | 73 |
5º | São José do Sul | RS | 76 | 79 | 81 | 70 |
6º | Caçu | GO | 76 | 77 | 76 | 75 |
7º | Pracuúba | AP | 76 | 86 | 66 | 77 |
8º | Nova Iguaçu de Goiás | GO | 76 | 83 | 70 | 76 |
9º | Presidente Lucena | RS | 76 | 77 | 81 | 70 |
10º | Mucajaí | RR | 76 | 83 | 70 | 76 |
OS 10 MUNICÍPIOS PIOR POSICIONADOS DO BRASIL | ||||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | EIXOS IVE | ||
ENGAJ. | DIV. E REPR. | ALINHAM. E COMP. | ||||
5.568º | Estrela de Alagoas | AL | 48 | 67 | 45 | 33 |
5.567º | Vertentes | PE | 50 | 70 | 50 | 31 |
5.566º | Moreira Sales | PR | 53 | 73 | 42 | 42 |
5.565º | Jacaraci | BA | 53 | 72 | 46 | 40 |
5.564º | Campos do Jordão | SP | 53 | 59 | 62 | 37 |
5.563º | Serra Talhada | PE | 53 | 72 | 55 | 33 |
5.562º | Maricá | RJ | 53 | 66 | 59 | 34 |
5.561º | Lagoa de Itaenga | PE | 53 | 68 | 55 | 38 |
5.560º | Cacimbinhas | AL | 53 | 73 | 62 | 25 |
5.559º | Serra Dourada | BA | 54 | 73 | 46 | 41 |
Rankings por eixos do IVE:
ENGAJAMENTO | OS 10 MUNICÍPIOS MAIS BEM POSICIONADOS DO BRASIL | ||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | ENGAJ. |
1º | São Luís do Piauí | PI | 67 | 93 |
2º | Taboleiro Grande | RN | 69 | 91 |
3º | Santa Cruz do Piauí | PI | 63 | 91 |
4º | Ipueira | RN | 72 | 91 |
5º | Riacho da Cruz | RN | 70 | 90 |
6º | Wall Ferraz | PI | 67 | 90 |
7º | Paquetá | PI | 61 | 90 |
8º | Alegrete do Piauí | PI | 66 | 89 |
9º | Paes Landim | PI | 68 | 89 |
10º | Santo Antônio de Lisboa | PI | 65 | 89 |
ENGAJAMENTO | OS 10 MUNICÍPIOS PIOR POSICIONADOS DO BRASIL | ||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | ENGAJ. |
5.568º | Campos do Jordão | SP | 53 | 59 |
5.567º | Franco da Rocha | SP | 58 | 59 |
5.566º | Santa Lúcia | SP | 60 | 60 |
5.565º | Jaboatão dos Guararapes | PE | 56 | 60 |
5.564º | São Gonçalo | RJ | 62 | 60 |
5.563º | Mauá | SP | 62 | 60 |
5.562º | Ibaté | SP | 55 | 60 |
5.561º | Mococa | SP | 59 | 61 |
5.560º | Piracicaba | SP | 64 | 61 |
5.559º | Jardinópolis | SP | 62 | 61 |
DIVERSIDADE E REPRESENTATIVIDADE | OS 10 MUNICÍPIOS MAIS BEM POSICIONADOS DO BRASIL | ||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | DIV. E REPR. |
1º | Almirante Tamandaré do Sul | RS | 76 | 85 |
3º | São José do Hortêncio | RS | 75 | 83 |
4º | Iomerê | SC | 73 | 82 |
5º | Espírito Santo do Dourado | MG | 69 | 82 |
6º | São João da Mata | MG | 74 | 82 |
7º | Presidente Lucena | RS | 76 | 81 |
8º | Cedral | SP | 71 | 81 |
9º | Linha Nova | RS | 73 | 81 |
10º | São José do Sul | RS | 76 | 81 |
DIVERSIDADE E REPRESENTATIVIDADE | OS 10 MUNICÍPIOS PIOR POSICIONADOS DO BRASIL | ||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | DIV. E REPR. |
5.568º | São José do Peixe | PI | 56 | 30 |
5.567º | Jericó | PB | 59 | 32 |
5.566º | Biquinhas | MG | 58 | 36 |
5.565º | São João do Caiuá | PR | 60 | 36 |
5.564º | Chiador | MG | 61 | 37 |
5.563º | Córrego do Ouro | GO | 65 | 38 |
5.562º | Sem-Peixe | MG | 61 | 38 |
5.561º | Piritiba | BA | 56 | 39 |
5.560º | Pedra | PE | 55 | 39 |
5.559º | Abadia de Goiás | GO | 62 | 39 |
ALINHAMENTO E COMPETITIVIDADE | OS 10 MUNICÍPIOS MAIS BEM POSICIONADOS DO BRASIL | ||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | ALINHAM. E COMP. |
1º | Itaubal | AP | 76 | 79 |
2º | Caracaraí | RR | 74 | 78 |
3º | Calçoene | AP | 73 | 78 |
4º | Cantá | RR | 78 | 78 |
5º | Corumbá de Goiás | GO | 71 | 78 |
6º | Vitória do Jari | AP | 73 | 78 |
7º | Pracuúba | AP | 76 | 77 |
8º | Divinópolis de Goiás | GO | 72 | 77 |
9º | Capixaba | AC | 75 | 77 |
10º | Jesúpolis | GO | 75 | 77 |
ALINHAMENTO E COMPETITIVIDADE | OS 10 MUNICÍPIOS PIOR POSICIONADOS DO BRASIL | ||||
RANKING | MUNICÍPIO | UF | IVE | ALINHAM. E COMP. |
5.568º | Cacimbinhas | AL | 53 | 25 |
5.567º | Batalha | AL | 57 | 29 |
5.566º | Floresta do Piauí | PI | 55 | 30 |
5.565º | Murici | AL | 55 | 30 |
5.564º | São Luís do Quitunde | AL | 54 | 30 |
5.563º | Joaquim Pires | PI | 59 | 30 |
5.562º | São João da Canabrava | PI | 57 | 31 |
5.561º | Lagoa do Piauí | PI | 59 | 31 |
5.560º | Ipu | CE | 56 | 31 |
5.559º | Vertentes | PE | 50 | 31 |
Sobre o Instituto Votorantim
O Instituto Votorantim é um centro de inteligência aplicada que desenvolve soluções socioambientais que geram valor para a sociedade. Criado em 2002, desenvolveu-se como o núcleo de inteligência social da Votorantim S.A. e suas empresas investidas. Está à frente de ações em mais de cem municípios de todo o Brasil. Acesse www.institutovotorantim.org.br/ e saiba mais