Trabalhador do vale morre de Covid-19 e movimento pede suspensão das atividades

Diário Carioca

Responsável pelos maiores crimes socioambientais da história do Brasil, os rompimentos das barragens de Mariana , em 2015, e de Brumadinho , em 2019, que mataram mais de 270 pessoas, uma mineradora Vale agora coloca em risco a população nos locais onde continua operando durante uma pandemia de coronavírus. Foi registrado nesta sexta-feira (03) a primeira morte por Covid – 19 de um trabalhador da mineradora.

Prefeitura de Parauapebas (PA) confirmou o óbito de um homem 26 anos que trabalhou na Usina de Beneficiamento Serra Norte, no Complexo de Carajás, sem histórico de viagem e sem comorbidades. De acordo com o site Observatório de Mineração, o trabalhador começou a sentir mal em 25 de março, deu entrada no serviço de saúde do hospital Yutaka Takeda no dia 02 de abril e, na quarta-feira (8), quando a saúde piorou, ele foi encaminhado para um UTI Intensicare onde faleceu.

Integrante do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) , Márcio Zonta indica que a morte é resultado das ações do Governo Federal que editam uma portaria (135 / 2020) e incluiu uma mineração como atividade essencial. A determinação do Ministério de Minas e Energia (MME) foi tomada sob diversas acusações feitas pelos movimentos de manutenção dos trabalhos do Vale, contribuindo para o aumento de contaminações e intensificação de novos vírus.



Durante uma pandemia de coronavírus, trabalhadores da mineradora Vale continuam aglomerados / Divulgação: MAM

Imagens do Movimento Mostram os Trabalhadores da Mineração Continuada Sendo Utilizados Pela Empresa a Aglomerações em Filas de Ônibus e Restaurantes, ou o que contraria todas as orientações sanitárias tanto do Ministério da Saúde, quanto à Organização Mundial de Saúde (OMS) , para evitar a disseminação de coronavírus. “Isso reforça a necessidade de suspensão imediata das atividades minerárias em todo o país”, disponível no MAM.

Alerta

Em vídeo divulgado pelo MAM , o médico clínico geral, Luiz Leite de Oliveira Filho, comenta a morte do empregado da mineradora que, segundo ele, “ficou cinco dias sendo inscrito, literalmente” no Hospital Yutaka Takeda, construído pela Vale, que fica em Carajás, até ser levado a UTI pela Intensicare. “Na iminência da morte, um Vale transfere ele para quem morre em outro hospital, para eximir-se do erro que tem”, completa Zonta.

O médico afirma, ainda, que “bateu de frente com o infectologista do Vale”, e disse que a mineradora só abrirá os olhos quando virar a calamidade pública. “A cidade é propícia demais à contaminação e já tem muito contato social”, diz.

Nota da Vale

A Vale lamenta informar ou falhar um dos seus empregados, ocorrido na tarde desta sexta- feira, 10 / 4, em Parauapebas ( PA), com suspeita de Covid – 19. A empresa aguarda os elogios com os resultados dos exames para confirmar a causa da morte. A empresa está prestando todo o suporte à família e vem seguindo os protocolos de saúde e segurança estabelecidos pelas autoridades médicas e agências de saúde de cada um dos países em que opera.

Edição: Larissa Gould


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