O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, revelou à Polícia Federal que foi pressionado por Jair Bolsonaro e deputados de seu partido para mover uma ação questionando os resultados eleitorais de 2022.
O depoimento foi tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
O que você precisa saber
- Costa Neto revela pressão de Bolsonaro e deputados do PL para mover ação eleitoral
- Ação questionava resultados eleitorais de 2022 e foi rejeitada pelo TSE
- Ministro impôs multa de R$ 22 milhões ao PL por litigância de má-fé
Valdemar Costa Neto relatou que a ação questionando os resultados eleitorais de 2022 foi uma demanda direta de Bolsonaro, e que o uso de dados do Instituto Voto Legal para embasar a ação foi sugerido pelo senador Marcos Pontes, à época ministro de Ciência e Tecnologia. O partido pagou R$ 1 milhão ao instituto para obter os dados utilizados no relatório.
A ação e suas implicações
A ação, movida em nome do PL, buscava invalidar os resultados de quase 280 mil urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno, alegando irregularidades que teriam impedido uma vitória de Bolsonaro com 51% dos votos. Esta ação colocava em dúvida cerca de metade das urnas eletrônicas disponíveis e tinha como objetivo garantir a permanência de Bolsonaro no poder.
Entretanto, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, rejeitou a ação e impôs uma multa de R$ 22 milhões ao partido, acusando-o de litigância de má-fé. Em outras palavras, a Justiça Eleitoral considerou a ação abusiva e sem fidelidade aos fatos, visando um objetivo claramente ilegal.
Pressões e reações
Valdemar Costa Neto alegou ter sofrido pressões de Bolsonaro e de parlamentares do PL para apresentar o relatório, porém, defendeu que o melhor caminho seria desistir da intentona golpista e fazer oposição democrática ao novo governo. Ele também disse que as minutas golpistas foram trituradas e que nunca levou a sério a possibilidade de golpe.
Revelações sobre o Palácio do Alvorada
Costa Neto também revelou que o clima no Palácio do Alvorada após as eleições era de “luto” e que Bolsonaro “quase não conversava com ninguém”. Ele afirmou que as poucas vezes em que esteve no Alvorada foram para dar apoio moral ao ainda presidente.
O presidente do PL ainda destacou que nunca concordou com as supostas fraudes nas urnas eletrônicas, orientando seu partido a votar contra projetos que pediam a instituição de voto impresso.