Caju foi o bairro com a maior área de pontos para propagação de dengue na cidade do Rio em 2023

Diário Carioca
Identificação e delimitação de pontos estratégicos por imagens de satélite

636 mil m², o equivalente a mais de três campos do Maracanã. Essa é a área total de pontos potenciais de proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, registrada no Caju em 2023, a maior entre os 160 bairros do Rio de Janeiro.
 

Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Laboratório de Inteligência Geográfica em Ambiente e Saúde, do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA).

Na sequência, aparecem com as maiores áreas potenciais de reprodução do mosquito os bairros de Inhoaíba (441 mil m²), Santa Cruz (332 mil m²), Barra da Tijuca (302 mil m²) e Campo Grande (261 mil m²).
 

O estudo utilizou sensoriamento remoto e monitoramento temporal para identificar e classificar pontos estratégicos para a propagação da dengue. O conceito é baseado na ecologia do vetor e compreende áreas que fornecem condição ideal para a reprodução dos mosquitos, como ferros-velhos, borracharias, terrenos baldios com lixo e cemitérios.
 

“A abordagem permitiu não apenas a identificação desses pontos em nível de rua, mas também a definição de seu tamanho e classificação por esse atributo. Entender a dinâmica de transmissão da doença é essencial para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e controle”, explica Jefferson Santos, professor do Mestrado Profissional em Meio Ambiente da UVA e autor da pesquisa.
 

Outros indicadores
 

O trabalho também identificou os percentuais de pontos estratégicos pela área total ocupada de cada bairro. Encabeçam a lista os bairros de Bancários (14,81%), Caju (13,25%), Maracanã (11,42%), Jacaré (10,44%) e Manguinhos (8,76%). Já os bairros com o maior número dessas áreas potenciais de reprodução dos vetores são Santa Cruz, com 51 pontos, Bangu, com 38, Campo Grande, com 27, Realengo, com 18, e Tanque, com 14.
 

“Os resultados gerais apontam para um quantitativo maior concentrado nos bairros de transição entre as Zonas Norte e Oeste, tanto em área total quanto em percentual da área de cada bairro ocupada por pontos estratégicos. Essas áreas correspondem a regiões de expansão urbana não apoiadas pelo capital imobiliário de alto padrão e pelo estado. Além disso, são áreas de grande incidência da dengue historicamente”, diz o autor.
 

Segundo Santos, a abordagem também permite uma avaliação contínua das mudanças na distribuição e na densidade desses locais, oferecendo insights para o planejamento e a implementação de medidas de controle da dengue. “Ao monitorar a evolução dos pontos estratégicos, podemos identificar padrões emergentes e antecipar áreas de potencial risco, permitindo uma resposta mais ágil e eficaz às epidemias”, finaliza o pesquisador da UVA

Área total de pontos estratégicos por bairro
Área total de pontos estratégicos por bairro
Percentual da área do bairro ocupada por pontos estratégicos
Percentual da área do bairro ocupada por pontos estratégicos
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