Cidade do Rio de Janeiro inaugura placas do Circuito da Diversidade

Diário Carioca

Duas personalidades e um local que marcaram a cidade do Rio de Janeiro recebem nesta segunda-feira (28) as primeiras homenagens do Patrimônio Cultural Carioca do Circuito da Diversidade. A inauguração das placas marca o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, que é comemorado hoje e marca a luta por direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais.

Os três primeiros homenageados pela prefeitura são o Cabaret Casanova, que foi palco de apresentações de artistas emblemáticos como Madame Satã; o jornalista João do Rio, fundador do jornal A Pátria; e a arquiteta Lota de Macedo Soares, responsável pelo projeto do Parque do Flamengo. A cerimônia de inauguração será às 15h, no Parque do Flamengo.

Também hoje, a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) e a Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual da prefeitura promovem o seminário “Stonewall carioca: avanços, resistências e história da cidadania LGBTI+ no Brasil a partir do Rio de Janeiro”.

O debate será transmitido pelo YouTube da OAB-RJ, a partir das 10 horas, com participação de Raquel Castro, presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual e Gênero do Conselho Federal da OAB; Rodrigo Pacheco, Defensor Geral da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, e Henrique Rabello, presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de gênero da OAB-RJ.

A agenda oficial termina com uma sessão solene promovida pela Câmara dos Vereadores, com homenagem a ativistas do movimento LGBTI+ carioca. A cerimônia será transmitida pela TV Câmara, a partir das 16h.

O Dia Internacional do Orgulho LGBTI+ é celebrado em homenagem à Revolta de Stonewall, que ocorreu em 1969 em resposta à invasão da polícia de Nova York ao bar Stonewall Inn, no bairro do Greenwich Village. Os policiais começaram a prender os frequentadores do local, mas foram surpreendidos pela reação de centenas de pessoas revoltadas com a recorrente opressão policial contra pessoas LGBTQIA+. A reação se transformou em um marco representativo na luta por direitos civis.

Cabaret Casanova

O Cabaret Casanova foi aberto em 1937 com o nome de Viena Budapeste. É um dos espaços mais antigos da Lapa, situado na Avenida Mem de Sá 25. O local foi referência na noite LGBTI+ do Rio, recebendo apresentações de ícones da arte drag brasileira, como Laura de Vison e Meime dos Brilhos, além das últimas incursões pela Lapa boêmia do lendário transformista Madame Satã.

Foi no Casanova também que se formou o grupo Dzi Croquettes e se apresentaram artistas como Carlos Machado e Alcione até fechar as portas, nos anos 2000. Acredita-se que Noel Rosa teria composto a música A Dama do Cabaré no Casanova, depois de levar um fora de uma amante.

João do Rio

No último dia 23 foi lembrado o centenário da morte do jornalista, cronista, contista e teatrólogo João do Rio (1881-1921). Nascido João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, ele levou a reportagem para as ruas, popularizando a entrevista in loco, e fundou o jornal A Pátria, que funcionou no Largo da Carioca, no Centro do Rio, local que recebeu a placa em sua homenagem.

É mais famoso pelas crônicas, mas também escreveu romances, peças de teatro e ensaios, além de entrevistas e reportagens. Em homenagem ao centenário de morte de João do Rio, um site organizado pela jornalista Cristiane d’Avila disponibilizou a transcrição das 52 colunas Bilhete, publicado pelo jornal A Pátria.

João do Rio é considerado o maior cronista da cidade, percorreu das favelas aos salões da alta sociedade e foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Sofreu muito preconceito por ser negro, homossexual e obeso, mas alcançou tanto prestígio na época que cerca de cem mil pessoas estiveram presentes em seu enterro, no cemitério São João Batista. O jornalista morreu de mal súbito, dentro de um táxi, aos 39 anos.

Lotta de Macedo Soares

A arquiteta, paisagista e urbanista autodidata Lotta de Macedo Soares (1910-1967) era filha de brasileiros, mas nasceu em Paris. Foi a idealizadora do Parque do Flamengo, aterro criado para receber uma via expressa ligando o centro do Rio de Janeiro à zona sul. Também conhecido como Aterro do Flamengo, o parque não teve a totalidade dos equipamentos previstos concluído e a inauguração ocorreu em outubro de 1965.

Em 2013, Lota foi a personagem principal do filme Flores Raras, de Bruno Barreto, interpretada por Glória Pires. A obra narra o relacionamento da arquiteta com a poeta norte-americana Elizabeth Bishop. As duas foram casadas de 1951 até 1965 e moravam em Petrópolis.

A placa em homenagem à Lotta foi fixada em frente à Rua Dois de Dezembro, onde às 15h haverá a cerimônia de lançamento do Patrimônio Cultural Carioca do Circuito da Diversidade.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca