Crise fiscal agrava desemprego no Rio de Janeiro

Diário Carioca

Com a maior taxa de desemprego na região sudeste, o Rio de Janeiro não tem conseguido se recuperar da crise política e econômica que afeta o estado há pelo menos três anos. Segundo números do IBGE, no primeiro trimestre deste ano, o desemprego chegou a 15%. No mesmo período em 2017, a taxa de desocupação era de 14,5%.

A situação é considerada grave por especialistas. A cadeia de efeitos econômicos e sociais provocada pelo desemprego é perceptível e o quadro piora a cada dia, segundo o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Wellington Leonardo da Silva.

O economista avalia que a atual condição do Rio de Janeiro é reflexo das “políticas equivocadas que foram aplicadas para resolver a questão fiscal”.

“Ao invés de se trabalhar uma reforma tributária, por exemplo, se prefere congelar os investimentos públicos por 20 anos, se prefere vender o patrimônio nacional, a exemplo das reservas do pré-sal”.

Neste ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), homologou o acordo de recuperação fiscal do Rio de Janeiro. O estado fará ajustes de R$ 63 bilhões até 2020, com medidas de redução de despesas, empréstimos e suspensão da dívida do estado com a União.

A organização fiscal é o primeiro passo para a saída da crise. É o que acredita Bruno Ottoni, pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV/Ibre.

“Eu acho que vai ser extremamente importante que o governo do estado, olhando sob a ótica pública, organize sua situação fiscal porque realmente, na situação em que o estado se encontra atualmente, é muito difícil que haja incentivo, as contas ficam muito desorganizadas e acaba que o estado como um todo fica desorganizado”.

De acordo com Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o estado do Rio de Janeiro contratou 1.126.462 pessoas com carteira assinada e demitiu 1.169.228 entre maio do ano passado e abril deste ano. O saldo dessa conta são 42.766 vagas perdidas no estado. Nos primeiros quatro meses de 2018, foram perdidos 3.642 postos de trabalho no estado do Rio de Janeiro, impulsionados principalmente pelo setor de Comércio, com quase onze mil vagas fechadas (10.878).

William Figueiredo, coordenador de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, enumera dois pontos como fundamentais para superar a crise.

“O primeiro é o ajuste fiscal do estado, que já está no projeto de recuperação fiscal, e tem que diminuir o tamanho dos seus gastos, e assim, conseguir voltar a prover seus serviços públicos de qualidade, seja educação e saúde ou mesmo uma rodovia em bom estado de conservação. E logicamente, manter o pagamento dos servidores em dia e, assim, manter a capacidade de consumo desses profissionais”.

Ainda de acordo com o especialista, outro ponto é a questão da “competitividade”. Segundo ele, o estado do Rio de Janeiro, em alguns pontos, é pouco competitivo em nível nacional, o que está atrelado à atração de investimentos.

Com a colaboração de João Paulo Machado, reportagem Juliana Gonçalves 

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