Deputada Dani Balbi faz balanço do governo Eduardo Paes e chama governo Castro de ‘débil’

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Dani Balbi - Foto: Paulo Monteiro - DC - Diário Carioca
Dani Balbi - Foto: Paulo Monteiro - DC - Diário Carioca

Um relatório da Polícia Federal (PF), divulgado no último dia 31 de março, tem mexido com os pilares da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O documento indica que cerca de metade dos deputados possui ligações com o crime organizado, incluindo milícias e facções de tráfico. A grave denúncia levanta sérias dúvidas sobre a lisura e a ética do sistema político fluminense, que exige medidas firmes e imediatas.

Em meio à crise, a Deputada Estadual Dani Balbi (PCdoB), pré-candidata à prefeitura do Rio de Janeiro, concedeu entrevista exclusiva ao Diário Carioca, na qual abordou o envolvimento de seus colegas parlamentares e defendeu ações contundentes para combater a situação dentro da própria Alerj.

“Tenho acompanhado as investigações da PF com grande atenção e responsabilidade”, afirmou a Deputada Balbi. Marielle é um exemplo de vida, de parlamentar. Hoje existe com responsabilidade, como horizonte. Então fico um pouco mais aliviada com as investigações, esperando portanto a produção do próximo relatório para entender quais são os parlamentares envolvidos e apresentar a punição adequada, fortalecendo inclusive as instituições de combate ao crime organizado, que ceifa vidas.

A deputada ressaltou a importância de responsabilizar não apenas os autores diretos das mortes, mas também as estruturas criminosas que as alimentam, seja na forma de milícias ou facções. “É crucial que a investigação seja completa e imparcial, garantindo que todos os responsáveis, desde os executores até os mandantes, sejam punidos de acordo com a lei”, enfatizou.

Apesar de reconhecer a importância das investigações, Balbi também expressou preocupação com possíveis obstáculos no processo. “Sabemos dos desafios que podem surgir, como os trâmites burocráticos e as manobras políticas que podem barrar ou enfraquecer as denúncias”, alertou. “Por isso, a mobilização da sociedade civil é fundamental para pressionar por uma investigação justa e transparente, e para garantir que os responsáveis sejam punidos exemplarmente.”

“No combate ao crime organizado, infelizmente, somos poucos”, reconheceu a deputada. “Mas contamos com o apoio da opinião pública e da imprensa para pressionar por mudanças e cobrar justiça”.

Governo Cláudio Castro

A Deputada não se conteve em críticas ao governo Cláudio Castro, classificando-o como “débil” em áreas cruciais como segurança pública e assistência social. Segundo Balbi, as falhas nessas áreas são as mais graves da gestão Castro.

Em relação à segurança pública, a parlamentar discorda do projeto do governo, que, em sua visão, falha em proteger a população preta, pobre e periférica, além de agravar as desigualdades sociais. Ela critica o aumento de armas sem foco em investigações precisas e melhores condições para os policiais.

“Sou totalmente contra um projeto de segurança que coloca em risco a população negra, pobre e periférica. Aumentar verba para armar policiais despreparados e vulneráveis só cria um clima de guerra”, afirmou.

Balbi também critica o governo por tentar retirar direitos conquistados, como o fundo de interesse de moradia social, evidenciando a falta de compromisso com o combate às injustiças sociais e às desigualdades. “Ele é muito débil nesse sentido, débil de deficiente, de faltoso e naquilo que ele se propõe”, disse.

Dani Balbi - Foto: Paulo Monteiro - DC - Diário Carioca
Dani Balbi – Foto: Paulo Monteiro – DC – Diário Carioca

Na sua função como presidente da comissão de trabalho na Alerj, Balbi também abordou a questão do desemprego durante a gestão Castro. Ela critica os erros do governo em promover o desenvolvimento econômico, citando o declínio de setores-chave da economia do estado, como o marítimo, o de petróleo e gás, e a construção naval. A deputada alerta para o aumento do desemprego resultante do desmonte de cadeias produtivas e defende uma abordagem focada no desenvolvimento econômico e na melhoria das condições de trabalho.

“Acompanho as demandas dos trabalhadores. O governo atual repete erros de governos anteriores”, disse Dani. “É preciso investir no desenvolvimento, pois temos autonomia para arrecadar impostos dos setores produtivos. É fundamental que o governo se comprometa a garantir melhores condições para os trabalhadores”, completou.

Dani Balbi - Foto: Paulo Monteiro - DC - Diário Carioca
Dani Balbi – Foto: Paulo Monteiro – DC – Diário Carioca

Candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro

Dani Balbi fez história ao se tornar a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Alerj. No entanto, seus objetivos agora vão além do parlamento estadual, pois ela se lança como candidata à prefeitura do Rio nas eleições de 2024. Durante a entrevista, Balbi avaliou o cenário político carioca e expôs suas visões e propostas para a cidade.

Ao analisar o governo de Eduardo Paes, Balbi criticou sua abordagem, descrevendo-o como comprometido com a burguesia devido ao fomento da especulação imobiliária e à entrega da gestão pública para o setor privado.

Ela destacou que o Rio de Janeiro reflete as contradições do Brasil, especialmente em questões de desigualdade social e racial. Mulheres negras enfrentam dificuldades no acesso à saúde e educação, além de receberem salários mais baixos em comparação com homens brancos ou negros e mulheres brancas. Balbi também criticou a falta de investimento em setores como educação e saúde, com a gestão terceirizada resultando em péssimo atendimento e falta de medicamentos.

A cidade do Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. É uma cidade cheia de contradições. Uma cidade com maioria de população negra e feminina, que estão relegadas à base da pirâmide social, cujas demandas são reprimidas pelo poder público que se recusa a enfrentá-las”, disse.

Sua candidatura, segundo ela, surge da necessidade de representar e priorizar os segmentos marginalizados da sociedade, especialmente mulheres negras e trabalhadoras hiperexploradas. Balbi enfatizou a importância de debater os problemas da cidade e apresentar soluções em conjunto com coletivos, militantes e movimentos sociais. “Sou a única mulher Trans e preta, com receio de que esses segmentos não sejam representados, com as suas demandas”, revelou. “Nesse sentido nosso coletivo cresceu, se amadureceu e decidiu apresentar a candidatura, mas apresentar uma candidatura também chamando coletivos, militantes, ativistas e movimentos sociais”, enfatizou.

Em relação ao funcionalismo público, Balbi ressaltou a falta de reajustes salariais e a sobrecarga enfrentada pelos profissionais da rede municipal de ensino. Ela defendeu investimentos para melhorar as condições de trabalho e a qualidade da educação. “O funcionalismo público especialmente o funcionário da rede municipal de ensino está pelo menos 7 anos sem receber reajuste, aumento real do salário integral não vê há pelo menos 10 anos. Ainda enfrenta questões em adequação funcional, professores com quadro de 16, 40 alunos”, afirmou. “A própria estrutura escolar não recebe o aporte de recursos suficiente”, enfatizou.

No que diz respeito à geração de empregos, Balbi criticou a falta de políticas eficazes do governo Eduardo Paes e propôs revisar as isenções fiscais e cobrar dívidas dos devedores da cidade. Ela enfatizou a importância do orçamento participativo como uma forma de envolver a população nas decisões administrativas e garantir uma administração mais transparente e inclusiva.