Em oposição a ato pró-Bolsonaro, evangélicos convocam culto contra a opressão e a morte no país

Diário Carioca

Às vésperas do feriado de 7 de setembro, um culto evangélico acontece no Rio de Janeiro com o objetivo de manifestar contra a opressão, a fome e a morte no país. O evento chamado de “Clamor ao senhor pela justiça” é organizado pela Nossa Igreja Brasileira, com o apoio da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

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O culto se opõe à mobilização de pastores e líderes evangélicos e neopentecostais para convencer fiéis a participar de manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), marcadas para terça-feira (7). Nas chamadas, que têm circulado nas redes sociais, lideranças misturam fake news com frases de teor golpista ao atacar a democracia e pedir por “uma nova independência”.

“A gente que está na luta pela democracia não consegue entender líderes religiosos que fazem convocação contra a democracia. Somente a democracia é que garante a liberdade de culto e de expressão da nossa religiosidade. É engraçado que a gente se choca com as imagens do Afeganistão e não entendeu que esses pastores estão se estabelecendo a partir do que eles acreditam com base em uma interpretação muito particular do texto sagrado, exatamente como faz o talibã”, afirma Nilza Valéria Zacarias, uma das coordenadoras da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.



O local foi escolhido para garantir que o evento aconteça ao ar livre e com distanciamento entre os participantes / Divulgação

O encontro está marcado para o domingo (5), a partir das 10h, na rua Mata Machado, entre o Estádio Maracanã e a Aldeia Maracanã, na zona Norte da capital. O local foi escolhido para garantir que o evento aconteça ao ar livre e com distanciamento entre os participantes, cumprindo os protocolos de segurança contra a covid-19. 

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Para o pastor Marco Davi, da batista Nossa Igreja Brasileira, a necessidade de reunir fiéis para o culto se dá pela situação crítica em que o país se encontra. Segundo o pastor, é o momento de correr o risco em um culto público, assim como se tornou um risco viver no Brasil.

“É grande a maldade que vivemos para além da covid-19. A fome ameaça mais de 20 milhões de brasileiros diariamente. Não é só a doença que mata. Meninos e meninas, negros e pobres, foram mortos enquanto brincavam em suas casas. Enquanto isso, os governantes do país fomentam uma guerra contra a democracia, contra os direitos, contra a justiça – que deveria correr como um rio perene, como nos ensinou Amós”, argumenta.

O pastor responsável pela mensagem do culto será Ariovaldo Ramos, da batista Comunidade Cristã Reformada, de São Paulo. Já a música ficará por conta de Dilma Oliveira. 

“Nós não somos poucos, não temos a massa que eles têm, mas não somos inexistentes dentro dessa igreja, temos as nossas posturas e pastores com princípios. A gente vai dar nosso grito de lamento, fazendo a denúncia de que esses líderes não são representantes do Cristo que nós acreditamos e pedindo que Deus tenha misericórdia de nós. Que essa misericórdia seja a força que precisamos para continuar lutando, é prática, é ação, a gente sabe que precisa de muita ação”, conclui Nilza Valéria.

Edição: Eduardo Miranda


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