O Rio de Janeiro enfrenta há décadas uma guerra contra as milícias, grupos paramilitares formados por policiais e ex-policiais corruptos que atuam na exploração de serviços ilegais, como segurança privada, transporte alternativo e grilagem de terras.
A violência causada pelas milícias é uma das principais causas da criminalidade no estado, e tem levado a uma série de mortes e deslocamentos forçados de moradores de comunidades dominadas por esses grupos.
Em 8 de novembro de 2023, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o governador do Rio, Cláudio Castro, assinaram um acordo de cooperação técnica para a criação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra).
O Cifra terá como objetivo combater a lavagem de dinheiro por grupos criminosos, especialmente as narcomilícias. O comitê será composto por integrantes das polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, das secretarias de Estado de Polícia Civil e da Fazenda, do Ministério Público Federal (MPF), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e o do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
A criação do Cifra é um avanço importante no combate às milícias, pois permitirá que as autoridades tenham acesso a informações financeiras que podem ser utilizadas para identificar e desarticular esses grupos.
Além da criação do Cifra, o governo do Rio também anunciou a entrega de 218 veículos novos à Polícia Militar. Os veículos serão utilizados para o combate à violência no estado.
Mas afinal, o que são a Milicias?
As milícias são grupos paramilitares formados por policiais e ex-policiais corruptos que atuam na exploração de serviços ilegais, como segurança privada, transporte alternativo e grilagem de terras. Elas se tornaram um dos principais problemas de segurança pública do Rio de Janeiro, onde estão presentes em cerca de 90% das favelas.
Corpo
Origem e ascensão das milícias
As primeiras milícias surgiram no Rio de Janeiro no início dos anos 2000, como uma resposta à violência do tráfico de drogas. Policiais e ex-policiais que atuavam na área de segurança pública começaram a formar grupos paramilitares para proteger as comunidades da ação dos traficantes.
Com o tempo, as milícias foram se expandindo e diversificando suas atividades. Hoje, elas atuam em uma ampla gama de setores, incluindo:
- Segurança privada: As milícias cobram taxas de segurança das comunidades que dominam.
- Transporte alternativo: As milícias atuam no transporte alternativo, como vans e táxis.
- Grilagem de terras: As milícias ocupam terras públicas e privadas ilegalmente.
- Tráfico de drogas: Algumas milícias também atuam no tráfico de drogas, embora isso não seja a atividade principal da maioria delas.
A guerra do Rio de Janeiro contra as milícias
O governo do Rio de Janeiro vem realizando uma ofensiva contra as milícias desde 2016. As operações policiais já resultaram na prisão de centenas de milicianos e na apreensão de armas e drogas.
No entanto, as milícias continuam a ser um problema sério no Rio de Janeiro. Elas são responsáveis por uma série de crimes, incluindo assassinatos, extorsões e tortura.
Linha do tempo dos fatos sobre a guerra do Rio de Janeiro contra as milícias
- 2000: Surgem as primeiras milícias no Rio de Janeiro.
- 2008: A morte do miliciano Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, desencadeia uma guerra entre milícias rivais.
- 2016: A ocupação da favela da Rocinha pela Polícia Militar marca o início de uma ofensiva do governo do Rio contra as milícias.
- 2023: O governo do Rio e o Ministério da Justiça assinam um acordo para a criação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra).