Na última sexta-feira (11) completou-se um ano do falecimento de Valquimar Reis, o Joaquin Piñero ou, como os mais próximos o chamavam, Kima. Dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio de Janeiro, Joaquin atuou em diversas frentes políticas e populares e teve papel fundamental na integração da luta do campo com a cidade.
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Ao lembrar da saída de Ji-Paraná, em Rondônia, para morar e estudar em São Paulo, conhecendo a dura realidade das periferias das grandes cidades brasileiras e integrando, logo em seguida, as lutas do MST no interior do estado, o coordenador político do Brasil de Fato no Rio de Janeiro, Rodrigo Marcelino, diz que Joaquin carregou “múltiplas sínteses do povo brasileiro em sua trajetória”.
“Passado um ano da perda do Joaquin, ou de seu encantamento, como dizia Guimarães Rosa, para além da saudade de quem conviveu como amigo e companheiro de militância, fica a ausência de um cara que tinha disciplina, compromisso e firmeza militante, mas também cuidado com as pessoas, sabendo que se a gente não tem condições mínimas de sobrevivência, a gente não segue na luta”, conta Rodrigo.
O coordenador político do BdF RJ ressalta, ainda, que Joaquin tinha zero vaidade e não fazia questão de aparecer à frente das lutas. Após ser preso por denunciar a privataria tucana em São Paulo e ser obrigado a deixar o Brasil, o líder do MST chega ao Rio de Janeiro com o compromisso de implantar o Brasil de Fato em edição tabloide e com distribuição gratuita, que seria tomado como exemplo para os outros estados.
“Joaquin veio para o Rio com essa tarefa, cursou Serviço Social na UFRJ, assumiu muitas lutas, ajudar a fundar a resistência democrática contra o golpe aplicado à presidenta Dilma Rousseff, fundando a Frente Brasil Popular e ajudando a criar o movimento Lula Livre. Não é o intuito idealizá-lo, todos temos nossos defeitos, mas ele faz uma falta imensa no compromisso, na disciplina e na capacidade de dirigir e agregar”, afirma Rodrigo.
Dos frutos deixados por Joaquin, estão as filhas Anahí e Yara, de sua companheira Karla. De seu legado, ficam as muitas sementes deixadas em seus 20 anos de luta pela reforma agrária, na construção e florescimento da interface campo-cidade no MST, nas relações internacionais criadas para o MST, e, na comunicação popular, a criação do Brasil de Fato Rio de Janeiro e do programa Papo na Laje, que vinha sendo idealizado por ele nos últimos tempos.
Flamenguista, violeiro, poeta e apaixonado pelas filhas, pelo samba e pelo Brasil, Joaquin desencantou aos 51 anos. “Faz uma imensa falta a todos nós e faz uma imensa falta à luta política, principalmente nessa possível retomada do nosso avanço em 2022 e 2023”, completa Rodrigo.
Edição: Eduardo Miranda