Na encruzilhada entre os tradicionais blocos Cordão do Bola Preta, no centro, e Céu na Terra, em Santa Teresa – cujos desfiles reúnem milhares de pessoas – , um bloco na Lapa, o Multibloco, com repertório variado, é uma alternativa para fugir da multidão.
Comemorando dez anos, com uma bateria potente, formada por mais de 100 ritmistas e homenageando Chacrinha, uma dos maiores comunicadores da televisão brasileira, o bloco arrasta centenas de pessoas entusiasmadas por canções de sucesso na música brasileira. No set list do desfile. que começou pontualmente às 9h, com recado contra a violência às mulheres e música de Elza Soares, são esperadas versões das canções de Pablo Vittar, Nação Zumbi e clássicos de Elba Ramalho, Michael Jackson e Bob Marley.
Neste aniversário, o diretor musical do Multibloco, Lino Amorim, disse que o repertório inclui sucessos desde 2008, quando o bloco se reuniu pela primeira vez. “Faremos um compilado de músicas que foram importantes nessa trajetória”, disse, adiantando que “Vai, Malandra”, de Anitta, terá uma versão carnavalesca, mas sem prescindir da batida do funk. “Nossa marca é misturar sucessos antigos de MPB e músicas recentes com a pegada de nossa bateria”.
A regência é da maestrina Thaís Bezerra, um das poucas mulheres nessa posição, no carnaval do Rio. Ela comandou oficinas de percussão, incluindo vários instrumentos como xequerê, surdo e caixa, ao longo do ano anterior, e uma agenda de ensaios rigorosos.
Geralmente, são os próprios foliões que se interessam pelo bloco em um ano e decidem tocar no outro, caso de Vinícius Fenizola, professor, de 35 anos. “Já é meu quarto ano de desfile, eu gosto tanto, aqui se toca de tudo, que em 2019 estarei na bateria”.
A mistura de ritmos é outro diferencial, destaca Juliana Guedes, 41 anos, pelo segundo ano no bloco. “Eu volto porque é muito variado, é marchinha, é samba, é forró, é funk, é muito legal, não fica em uma coisa só e a bateria é ótima”, disse a também professora, fantasiada de melancia.
Em busca de tranquilidade, a arquiteta Nai Matoso, de 30 anos, escolheu o Multibloco porque consegue ouvir bem o som “sem a sensação de estar espremida”. Aqui tem espaço para se divertir, não é lotado, têm pessoas que vêm conhecendo a proposta do bloco. E daqui posso ir para outros, como Carioca da Gema, mas que é mais cheio”.
No Aterro do Flamengo, o Truque do Desejo, bloco que toca pagode dos anos 90 ao som de samba, também reuniu uma multidão, mesmo sem a autorização da prefeitura.