O Palácio Quitandinha – um dos principais pontos turísticos e centros culturais de Petrópolis, Região Serrana do Rio – completa 78 anos neste sábado (12/2). Para celebrar, o Sesc RJ, que administra o espaço e mantém uma unidade no local, convida o público a conhecer o interior do edifício e a história dessa joia arquitetônica inaugurada em 1944 para ser o maior hotel-cassino da América Latina.
As primeiras 78 pessoas que chegarem para a visitação livre, no sábado, não pagam a entrada. Nesse mesmo dia, o Sesc Quitandinha inaugura uma projeção de fotos e vídeos antigos que contam a história do Palácio. A exibição acontece na Cúpula, espaço que nos tempos áureos do cassino no Brasil abrigou a sala de apostas. Com 46,4 metros de diâmetro, a Cúpula do Quitandinha é a segunda maior do mundo, comparada à redoma da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O público pode aproveitar também e visitar a exposição permanente “Memória Quitandinha”, na Sala Dom Pedro. Em 8 módulos expositivos, com 10 segmentos temáticos, estão objetos, informações e conteúdos audiovisuais de diferentes épocas, permitindo ao visitante uma viagem pela história desse que já foi considerado o maior centro internacional de turismo do Brasil.
Outra atração é a exposição “Brinquedos do Brasil: Uma invenção de muitas mãos”. A mostra reúne brinquedos artesanais de diferentes regiões do país na Sala das Crianças. No local, os visitantes também podem apreciar as obras de Alceu Penna (1915-1980), figurinista, desenhista e ilustrador da revista O Cruzeiro. Seus desenhos, inspirados nas fábulas de Jean de La Fontaine, estampam as paredes da sala.
O projeto Sesc Verão, neste sábado e domingo (12 e 13/2), reforça a programação alusiva de aniversário do Palácio Quitandinha. Há atividades para toda a família: jogo da memória, estafetas cooperativas, jogos populares, tênis de mesa, apresentação artística circense com Edigar Supimpa e apresentação circense com a Fanfarra Clownesca. A programação vai das 10h às 16h.
SAIBA MAIS SOBRE O SESC QUITANDINHA
O palácio onde está localizado o Sesc Quitandinha, um dos principais cartões-postais do Estado do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1944 para ser o maior hotel-cassino da América Latina. O Palácio chama a atenção por sua beleza arquitetônica e grandiosidade – são aproximadamente 60 mil metros quadrados de área, que inclui todo o palácio e um grande lago.
O prédio faz referência ao estilo normando, tendência dos grandes cassinos europeus, decorado com inspiração nos cenários hollywoodianos pela cenógrafa americana Dorothy Draper. Seus amplos salões são um dos principais atrativos do lugar, tendo recebido personalidades nacionais e internacionais como Errol Flynn, Marlene Dietrich, Orson Wells, Lana Turner, Henry Fonda, Juan Domingos Perón e Evita, o rei Fassau, Getúlio Vargas, Emilinha Borba, Grande Otelo, entre outros, que por ali passeavam na época áurea dos jogos – até que os cassinos foram proibidos no país.
Em 2007, depois de um longo período fechado, o Sesc assumiu a administração do local e promoveu uma ampla reforma que revitalizou o local. Para 2023, a instituição planeja ampliá-lo e torná-lo o maior polo cultural, gastronômico e de lazer da Região Serrana. A cozinha do Quitandinha, onde eram preparadas as refeições das grandes personalidades que frequentaram o local, será reativada. Ali será criado um espaço de alimentação, convivência e lazer inspirado no Mercado da Ribeira, de Lisboa, e no mercado gastronômico Eataly, de Nova York. O objetivo também é envolver a agricultura familiar da região, que poderá usar o espaço como vitrine para seus produtos.
SERVIÇO
Palácio Quitandinha – 78 anos
Av. Joaquim Rolla 2 – Quitandinha – Petrópolis/RJ
Dias 12 e 13/02
– Projeção audiovisual sobre a história do Palácio Quitandinha
– Exposição permanente “Memória Quitandinha”
– Atividades culturais e de lazer do Sesc Verão
– Visitação gratuita ao Palácio (modalidade livre): 78 primeiros visitantes não pagam a entrada no sábado
Valores e horários
Visitas guiadas: terças a domingos e feriados, das 10h às 16h30 (conclusão do itinerário até às 18h)
Valores:
R$ 5,00 (habilitados Sesc RJ)
R$ 10,00 (meia-entrada)
R$ 20,00
Visitas livres: terças a domingos e feriados, das 9h30 às 17h (conclusão do itinerário até às 18h)
Valores:
R$ 2,00 (habilitados Sesc RJ)
R$ 5,00 (meia-entrada)
R$ 10,00
Visitas audioguiadas: Suspensas temporariamente
Entorno do Lago Quitandinha: Visitação: terças a domingos e feriados, das 9h às 17h*
Grátis
*Em caso de condições climática e no terreno desfavoráveis (chuva, trovões, tempestades, solo molhado, neblina etc.), visitação é suspensa.
SAIBA MAIS SOBRE A EXPOSIÇÃO “MEMÓRIA QUITANDINHA”
Além de conhecer a suntuosidade dos seus espaços internos e a beleza da sua arquitetura, o visitante poderá aprender mais sobre a história do prédio na exposição “Memória Quitandinha”. A mostra permanente, instalada na sala Dom Pedro, faz um passeio pelos primórdios e pelos tempos áureos desse antigo hotel-cassino, inaugurado em 1944, e que hoje abriga, além de apartamentos residenciais, um dos mais importantes centros culturais da Região Serrana: o Sesc Quitandinha.
Em 8 módulos expositivos, com 10 segmentos temáticos, estão objetos, informações e conteúdos audiovisuais de diferentes épocas, permitindo ao visitante uma viagem pela história desse que já foi considerado o maior centro internacional de turismo do Brasil. Erguido pelo ex-tropeiro e posterior magnata do jogo e do entretenimento do Brasil Joaquim Rolla, o empreendimento passou apenas dois anos como hotel-cassino. Em 1946, foi obrigado a encerrar sua principal fonte de receita depois de um decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra proibir os jogos de azar no Brasil.
A exposição, organizada de forma cronológica, começa mostrando o que havia naquela área da Zona Sul da Cidade Imperial antes do suntuoso palácio: uma fazenda da criação de gado. Segue apresentando o empreendedor Joaquim Rolla, dono de uma rede de cassinos, entre eles o da Urca, no Rio, e o processo de construção do palácio de 28 mil metros quadrados, com sua cúpula de 46,4 metros de diâmetro – sendo a segunda maior do mundo, comparada à redoma da Basílica de São Pedro, no Vaticano. O visitante pode ver fotos da construção, as plantas arquitetônicas e conhecer os profissionais que trabalharam no projeto – que além do palácio, incluía a urbanização do entorno.
Pratos e talheres de época impressos com o famoso “Q”, marca do empreendimento, também podem ser encontrados na exposição, assim como móveis projetados pela norte-americana Dorothy Draper, que assina a decoração do palácio, toda ela inspirada nos cenários hollywoodianos.
Um dos painéis da exposição é dedicado à decoradora norte-americana. Nele é possível assistir a um depoimento exclusivo para a exposição do vice-presidente da Dorothy Draper & Company, fundada por ela e sediada em Nova Iorque. Segundo Brinsley Matthews, o palácio “é um monumento nacional e o melhor e mais triunfante trabalho de Dorothy Draper”, constando como um dos destaques do portifólio da empresa.
Também há depoimentos de pessoas que vivenciaram o glamour do local, frequentado por chefes de estado, como os presidentes Henry Truman (EUA), Juan Domingo Perón (Argentina), Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, além de celebridades como Carmen Miranda, Oscarito, Virginia Lane, Orson Welles e Greta Garbo. A atriz Adelaide Chiozzo conta como foram as gravações de “É fogo na roupa”, filme rodado no palácio; o pianista Oceano de Menezes “Coruba” relata o seu trabalho de cicerone de grandes artistas pela cidade; e o radialista Santos Ribeiro recorda da Rádio Quitandinha (ZYP-23), que entrou no ar em 1951 e foi responsável pelo lançamento de diversos artistas, como o ator e cantor Bill Farr (1925-2010).
Imagens do fotógrafo húngaro naturalizado brasileiro Carlos Moskovic retratam a atmosfera de tranquilidade do entorno do lago artificial, em formato de mapa do Brasil, criado em frente ao palácio. As fotografias mostram turistas praticando atividades desportivas e banhistas aproveitando o sol no balneário criado com areia retirada às toneladas da praia de Copacabana.
Outro personagem relevante da época também ganhou um painel exclusivo: o figurinista Alceu Penna, também desenhista e ilustrador da revista O Cruzeiro. Seus traços podem ser vistos dentro do palácio, nos desenhos que estampam as paredes da Sala das Crianças, inspirados na fábula de Jean de La Fontaine. Em frente a um aparelho de rádio da época, o visitante pode ouvir a recriação de áudios da Rádio Quitandinha com músicas e boletim de notícias. Outros dois painéis tratam dos grandes eventos sediados no palácio, como conferências internacionais e concursos de Miss Brasil.
HISTÓRICO DO PALÁCIO
A pedra fundamental foi lançada em 1941 e o Palácio Quitandinha foi inaugurado em 1944. O prédio faz referência ao estilo normando, tendência dos grandes cassinos europeus. Decorado com inspiração nos cenários hollywoodianos, pela cenógrafa e decoradora Dorothy Draper. Para participar da preservação, desenvolvimento e valorização de um dos mais importantes destinos turísticos do Estado do Rio de Janeiro, o Sesc Rio assumiu a administração dos espaços de lazer em 24/10/2007, passando a chamar Sesc Quitandinha. A primeira apresentação, já como Sesc Quitandinha, realizou-se em 14/7/2008, com a Orquestra Petrobras Sinfônica. O prédio é tombado pelo INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. A partir daí, vários eventos passaram a ser realizados no local, com destaque para o Festival Sesc Rio de Inverno.
Tudo começou no século XVIII, época do “Ciclo do Ouro”, quando a região era dividida em quatro fazendas: Fazenda do Córrego Seco, Fazenda Itamarati, Fazenda do Padre Correia e a Fazenda Quitandinha. Quitandinha era um local de terreno fértil e alagado propício ao cultivo de frutas, tubérculos e legumes, vendidos na própria fazenda, daí se originando o nome Quitandinha, de quitanda como estabelecimento de vendas de varejo de hortaliças. Em meados da década de 30, com a Estrada Rio-Petrópolis, o mineiro Joaquim Rolla empresário e proprietário de vários cassinos adquire o terreno – em 1939 – que pertenceu à família Azevedo Sodré. Luis Fossati e Alfredo Baeta Neves foram os arquitetos responsáveis pela realização do projeto.
O Palácio Quitandinha é um dos pontos turísticos mais admirados de Petrópolis e do Estado do Rio de Janeiro. Mais conhecido por ter sido um tradicional hotel-cassino e por seus grandes salões, onde na década de 40 fervilhavam as mais concorridas festas, conferências e eventos do Brasil. A inauguração do Palácio Quitandinha foi algo enorme para os padrões da pequena cidade de Petrópolis. Do lado de dentro um banquete para duas mil pessoas no salão (Marconi) e nas ruas de acesso, filas enormes de conversíveis, carros “rabos de peixe” e limusines que chegavam. Além do banquete, havia o show com Grande Otelo. Duas orquestras, de Carlos Machado e do maestro Gaó tocaram durante o jantar e o baile. Rapidamente a cidade de Petrópolis virou o centro das atenções do mundo. Durante praticamente dois anos, enquanto perdurou o jogo no país, o Palácio Quitandinha reinou absoluto dentro dos muitos empreendimentos do gênero. Ali se concentrou a atenção de reis, príncipes, governadores, estadistas, artistas e foram assinados tratados internacionais e conferências entre países do Hemisfério Sul.
Muitas personalidades nacionais e internacionais passaram pelos corredores e dançaram nos salões do fabuloso palácio. Do show business norte-americano há registros de Errol Flynn, Marlene Dietrich, Orson Wells, Josephine Backer, Lana Turner, Bing Crosby e Henry Fonda. Políticos como Juan Domingos Perón, e sua esposa, Evita, o rei Fassau e também Getúlio Vargas e seus sucessores até Emílio Garrastazu Médici. Astros brasileiros não poderiam faltar, como Virginia Lane, Emilinha Borba, Carmem e Aurora Miranda, Jardel Filho, Grande Otelo, entre outros.
Quem entra pela primeira vez no Palácio Quitandinha percebe rapidamente como o local esbanja detalhes em branco nos tetos, pingentes de cristais em lustres e estofados em rosa champagne. Espelhos, repuxos d´água, viveiros, lustres de cristal e bronze, piscina térmica e piso em mármore de Carrara dão uma atmosfera suntuosa ao local. O salão Mauá, reservado ao cassino, impressiona como obra de engenharia por possuir uma cúpula com cerca de 30 metros de altura e 50 de diâmetro, sendo a segunda maior do mundo, comparada à redoma da Basílica de São Pedro, no Vaticano. O eco gerado por esta cúpula em seu ponto principal pode fazer com que a voz de uma pessoa seja repetida várias vezes.
Na época dourada, o Palácio Quitandinha oferecia aos hóspedes e visitantes espaços como boates, cinemas, quadras de esportes, pista de patinação no gelo e três piscinas. Além, é claro, das inovadoras piscinas térmicas construídas para competições de saltos ornamentais e que foram inauguradas pela estrela do cinema Esther Williams. Havia ainda saunas e pista de hipismo, além de um grandioso salão de jogo. Além do desenho arquitetônico arrojado, o Palácio Quitandinha tem um belo lago na entrada com espelho d´água em formato do mapa do Brasil.
De todas as celebridades que frequentaram o hotel-cassino, a que causou maior impacto pela beleza e fama e temperamento controvertido foi Lana Turner. Em 1945, no auge da carreira de atriz da Metro-Goldwin-Mayer, Lana Turner veio ao país para a estreia de um de seus filmes. Hospedada na suíte presidencial de número 200 do Palácio Quitandinha, Lana Turner permaneceu por mais de um mês.
Os dois primeiros anos de funcionamento do Palácio Quitandinha foram de grandes acontecimentos, cercados por toda a pompa que as suntuosas instalações exigiam. O músico Carlos Machado promoveu alguns musicais no Teatro Mecanizado – o primeiro da América Latina a ter palcos giratórios -, ao lado do salão dos Jogos, que serviu também de cenário para as chanchadas da extinta Atlântida. Mas o sonho de Joaquim Rolla, mineiro de São João Domingos do Prata, durou pouco. A época áurea durou até 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra baixou um decreto proibindo o funcionamento de cassinos no Brasil. Em 1947, o hotel-cassino foi palco da Conferência Interamericana de Assistência Recíproca, presidida por Oswaldo Aranha, que resultou na assinatura do Tratado do Rio de Janeiro, que viria a se tornar mais tarde a Organização dos Estados Americanos (OEA). Também foi palco, nos anos de 1954 a 1957, de vários concursos de Miss Brasil, onde se destacaram Marta Rocha e Terezinha Morango, além de espaço para bailes de formatura, bailes de carnaval, entre outros.
Joaquim Rolla ainda tentou várias estratégias de arrendamento ao Estado e a uma companhia americana, mas vendeu o Palácio Quitandinha, em 1963, ao paulista Adelino Boralli, dono de um grupo empresarial da área de construção. Antes, em 1954, os apartamentos que eram administrados pelo hotel foram vendidos a particulares e cinco andares do palácio se transformaram em condomínio residencial. Joaquim Rolla faleceu em 1972