Alerta de fofura na rede municipal de saúde do Rio. Em uma sala na Clínica da Família Dalmir de Abreu Salgado, em Guaratiba, na Zona Oeste, um grupo de gestantes e de mães com seus bebês aprende uma massagem para fazer nos pequenos. É a shantala, uma das práticas integrativas e complementares oferecidas pela Secretaria Municipal de Saúde, que está investindo na qualificação de profissionais para levar a técnica a mais unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde). Entre abril e maio, a expectativa é treinar mais de 200 profissionais de equipes e núcleos de apoio à saúde da família, tornando-os aptos a ensinar às novas mamães das suas unidades.
Mas, afinal, o que é mesmo shantala? Trata-se de uma massagem milenar indiana para bebês que ficou conhecida com esse nome após o obstetra francês Frédérick Leboyer aprendê-la, na década de 1970, em viagem à Índia. Ao ver uma mãe massageando seu filho, ele se interessou pela técnica e resolveu chamá-la de shantala, em homenagem à mulher que lhe ensinou.
Os benefícios são variados, vão desde o fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê, relaxamento, até o alívio de sintomas como cólica e constipação, comuns no período de adaptação à ingestão do leite materno.
– Como são os próprios pais que aplicam, o primeiro benefício que a gente comenta é o vínculo, o contato, o momento. Quantos pais estão em casa e não estão? Estão ali, mas preocupados, ao telefone, então o que a gente recomenda é esse contato, o olhar, o toque. E tem os benefícios físicos que são percebidos já nos primeiros momentos de aplicação da técnica, no mesmo dia, na mesma semana, que é o bebê dormir melhor, o intestino funcionar melhor – explica a enfermeira Juliana Rodrigues, que ensina a prática há 16 anos na rede.
O município ensina a sequência tradicional indiana e recomenda praticá-la em bebês com mais de 30 dias a seis meses de vida. Com a criança ou uma boneca, a mãe aprende na unidade de saúde o passo a passo dos movimentos que deverá fazer em casa, utilizando uma pequena quantidade de óleo natural (de amêndoa ou coco). A reação do pequeno Kauã Miguel, de cinco meses, era de pura alegria enquanto sua mãe, Alcione Xavier, de 26 anos, praticava. Depois, dormiu.
– Eu gostei bastante e ele também. Achei interessante e vou fazer em casa – aprovou Alcione.
Gabrielle Cristina de Souza Moura, de 24 anos, mãe da Ana Alice, de apenas quatro meses, é outra que pretende aderir à shantala:
– É uma prática muito boa da clínica da família, e pretendo continuar fazendo porque ela gostou e disseram que ajuda a acalmar a criança.
Já a professora Larissa Santana, de 30 anos, conta que já conhecia a técnica desde o nascimento da primeira filha, Laura, agora com 5 anos, mas aproveitou o treinamento na unidade para apresentá-la à segunda filha, Aurora, de 5 meses.
– Eu pratiquei na Laura por causa da cólica e gostei bastante. Realmente ajuda a acalmar, dormir melhor e na conexão entre mãe e bebê – relata.
A especialista Juliana Rodrigues ressalta que a prática só não é indicada caso o bebê esteja com febre ou algum mal-estar no dia, e após a amamentação. E destaca ainda mais uma vantagem da shantala: promover a consciência corporal e o reconhecimento de mundo dos pequenos.
– A técnica em si é da completude desse ser. Através do toque, o bebê se enxerga enquanto um ser completo, da sua cabeça aos pés. É um momento em que ele se percebe pro mundo – observa