Pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos estão conduzindo buscas arqueológicas para a localizar os restos de um navio que transportou escravos e que afundou na Baía da Ilha Grande.
Essa é a primeira iniciativa de estudos sobre os vestígios de um navio escravagista naufragado no litoral brasileiro que reúne provas do tráfico transatlântico ilegal de africanos ao Brasil.
As informações foram divulgadas durante o seminário “O caso do navio escravagista Camargo – Resgatando a materialidade de uma história brasileira e internacional sobre um crime contra a humanidade”. O evento contou com a participação de pesquisadores e da comunidade do Quilombo Santa Rita do Bracuí, de Angra dos Reis. Apesar de as buscas terem sido iniciadas somente no ano passado, o trabalho de resgate dessa história é muito mais antigo, como observa a Diretora-geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães.
O Brigue Camargo foi roubado nos Estados Unidos, em 1851, pelo seu capitão Nathaniel Gordon, que navegou até Moçambique, de onde trouxe cerca de 500 africanos para o porto clandestino do Bracuí, em Angra dos Reis, em 1852. Ao perceber que estava sendo seguido pela polícia, Gordon fugiu da embarcação e fez com que o navio afundasse.
A Fazenda Santa Rita do Bracuí foi comprada para receber os escravizados, depois do fechamento do Cais do Valongo. Essas terras tinham uma localização estratégica: próxima ao mar e da divisa com o estado de São Paulo.
Ao saber que a a lei que proibia a vinda de novos escravos era descumprida no país, a Polícia iniciou uma busca em fazendas na região. Fazendeiros de Piraí, Bananal e Rio Claro ficaram revoltados com a entrada da Polícia nas terras deles, em busca de escravos recém-chegados.
O naufrágio do Brigue Camargo é tema de um documentário que busca recursos com parceiros internacionais