Soprano aborda violência contra a mulher em releitura audiovisual de Ofélia

Diário Carioca

A história de Ofélia, uma das personagens mais comuns do dramaturgo inglês William Shakespeare, ganha mais uma releitura. Desta vez, representada no projeto “‘Ophelia, a histérica’: 3 canções, 3 reflexões em 3 episódios”, a jovem ganha contornos pouco usuais: uma performance audiovisual que mistura diferentes linguagens artísticas e uma abordagem pautada no tema da violência contra a mulher .

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O projeto é desenvolvido a partir do repertório tradicional de ópera, “Drei Lieder der Ophelia”, Op. 19, de Richard Strauss, (Três canções de Ophelia), um ciclo de três canções que foi desmembrado em três episódios audiovisuais, “Violência Contra Mulher”, “Difusão e Liberdade” e “Útero (Histeria)”, disponibilizados no canal do YouTube da Casa Híbrido Produções.

Para a artista mineira Nívea Freitas, responsável pela direção, pelo roteiro, pela produção e pela performance como soprano no projeto, tratar sobre o tema da violência contra a mulher a partir da história de Ofélia é também apontar para a urgência do debatedor o assunto nos dias de hoje.

“Ofélia é agredida direta ou indiretamente de diversas formas na obra de Aldeia. Mesmo morta é julgada. Da história dessa personagem, a imagem que prevalece é a de sua morte, na maioria das vezes, jovem e sensual. Tudo isso, apesar de representado em um cenário europeu do século XVII, diz muito ainda sobre a realidade de muitas mulheres em várias partes do mundo onde o abuso, a violência física e moral e a objetificação de seus corpos, mesmo que sem vida, ainda existem ”, Explica a artista.

Na última semana, foi divulgada uma pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) que aponta que uma em cada quatro mulheres acima de 01 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante uma pandemia de covid – 19. Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual somente no último ano.

Música erudita

Os episódios, de aproximadamente 8 minutos de duração cada, misturam diversas linguagens, como a composição musical contemporânea, de animação cut out inspirada em Monthy Python, edições e continuidade de fotografia inspiradas em obras do produtor, roteirista e escritor Noah Hawley.

De acordo com a Nívea, o formato escolhido para apresentar uma performance é uma adaptação pensada no período da pandemia que contribui, de certa maneira, para democratizar o acesso à música erudita.


De acordo com Nívea, o formato escolhido para apresentar a performance é uma adaptação pensada no período da pandemia / Divulgação

“A pandemia conduziu a opção pela produção audiovisual virtual, como também forçou a aceitação do público e atuantes do mercado erudito para abrir novas linguagens, que não pretende e nunca substituirá ao vivo, mas se torna mais uma via de comunicação e acesso ao público ”, explica a artista que também é sócia fundadora da Casa Híbrido, junto com a compositora Nathália Fragoso, uma casa colaborativa com enfoque em economia criativa, que está começando agora a produzir seus próprios trabalhos artísticos, sendo “Ophelia, a histérica” ​​o segundo deles.

Para sua produção, o projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (SECULT) do Governo de Minas Gerais, da Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e fazer Gove rno Federal.

A equipe contou com profissionais que propagam multifunções, entre eles, o diretor de fotografia e editor, Eric Andrada, o pianista e profissional em captação e edição de áudio, Wagner Sander, a compositora da trilha, responsável pela sonorização e assistente de produção, Nathália Fragoso, o cineasta Jackson Abacatu, além de outros que atuaram como equipe de apoio.

Confira os episódios:

Episódio 1: Difusão e Liberdade

Episódio 2: Útero (Histeria)

Episódio 3: Violência contra mulher

Edição: Eduardo Miranda


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