Vandalismo no Rio de Janeiro causa prejuízo para o carioca

Diário Carioca
As reformas reduziram o vandalismo nas estações do sistema BRT em 90% - Fabio Motta/Prefeitura do Rio

Os constantes atos de vandalismo no município do Rio de Janeiro vêm trazendo transtornos e prejuízos à população carioca. Atualmente, estão entre os principais casos os furtos de cabos e luminárias; de controladores dos sinais de trânsito e de papeleiras; pichações; depredação das estações do BRT e  furtos e depredação de monumentos e locais históricos.

Iluminação

Em toda a cidade, de janeiro a novembro de 2023, foram gastos mais de R$ 10 milhões com o reparo de cabos e luminárias furtados, o dobro do que se gastou em 2022, quando o prejuízo foi de R$ 5,3 milhões, no mesmo período.

Obras recém-inauguradas pela Parceria Público-Privada (PPP) de Iluminação Pública firmada pela Prefeitura do Rio já foram vandalizadas, como por exemplo o Túnel Noel Rosa, onde foi feito o investimento de R$ 1,3 milhão na melhoria da iluminação. Em apenas seis meses, o equipamento já foi vandalizado e furtado, causando um prejuízo  de R$ 700 mil.

Esses furtos estão ocorrendo em toda a cidade, com destaque para pontos como Maracanã, Aterro do Flamengo, Centro, Barra da Tijuca, Campo Grande e Santa Cruz.

A PPP de iluminação entre a Rioluz e a subconcessionária Smart Luz investiu, até agora, R$ 18 milhões em projetos especiais antifurto de cabos e luminárias na cidade. Algumas das ações foram a substituição dos cabos de cobre pelos de alumínio; blindagem do acesso do poste; concretagem das caixas de passagem de fios; instalação de grades antifurto para projetores nas praças; substituição das tampas de ferro fundido das caixas de passagens por tampas de concreto; e instalação de mais câmeras de videomonitoramento em pontos estratégicos.

Funcionários instalam sinal de trânsito – Prefeitura do Rio
Funcionários instalam sinal de trânsito – Prefeitura do Rio

Sinais de trânsito

De acordo com dados da CET-Rio, de janeiro a novembro deste ano o prejuízo com furtos de cabos e controladores de sinais de trânsito foi de R$ 5,1 milhões. Foram furtados mais de 56 mil metros de cabos e 92 controladores de sinais de trânsito pela cidade. A área com a maior incidência de furtos de ambos os casos foi a Grande Tijuca.

Dependendo do modo como os furtos acontecem, alguns locais podem levar horas ou até dias para serem reparados, em decorrência da grande quantidade de material furtado e da complexidade para a reposição.

A CET-Rio tem tomado medidas na tentativa de amenizar o problema, como a soldagem das caixas onde são abrigados os cabos e o posicionamento dos equipamentos nos postes em locais mais elevados e com garras antifurto. Nos locais mas críticos, os cabos elétricos também estão sendo enterrados no solo para que não sejam alvos de novos furtos.

Estações do BRT

No total, 120 estações do sistema BRT foram reformadas, em 2021, durante a intervenção da Prefeitura. Em 2022 e 2023, a Mobi-Rio reformou 74 estações operantes do sistema BRT. Em todas as 120 foram implementados os mecanismos que reduzem e dificultam depredações e evasões. As reformas reduziram o vandalismo em 90%. Em 2022, foram gastos R$ 5 milhões com reparos (quebra de vidros, portas e alçapões, fios e cabos destruídos, carroceria e pichações). Em 2023, de janeiro a novembro, o valor foi de R$ 1 milhão (estofados vandalizados, furtos de fivelas de cintos, portas USB, placas de “não fume” e pichações).

Um aliado no combate a esse tipo de crime é o sistema de monitoramento do Centro de Controle e Operações (CCO). São 1.806 câmeras nas estações, terminais, garagens e no CCO. Todas com alta resolução. Isso permite que ações criminosas flagradas pelo monitoramento do CCO da Mobi-Rio, que funciona 24 horas por dia, em todos os dias da semana, sejam comunicadas imediatamente às equipes do programa BRT Seguro, coordenado pela Secretaria de Ordem Pública, contra a prática de delitos, como vandalismo e furto de peças nas estações.

Somente este ano, até setembro, a Comlurb gastou R$ 1,5 milhão com a compra de papeleiras – Fabio Motta/Prefeitura do Rio
Somente este ano, até setembro, a Comlurb gastou R$ 1,5 milhão com a compra de papeleiras – Fabio Motta/Prefeitura do Rio

Furto de papeleiras

De janeiro de 2022 a setembro de 2023, entre reposições, trocas e novas instalações, foram colocadas 16.009 papeleiras, metade do parque de 32 mil da cidade. Em 2022 foram colocadas 5.584 peças e, em 2023, até setembro, o número chegou a 10.425. Levando em conta o valor-base da papeleira da última compra realizada (R$ 149,77 a unidade), a Comlurb gastou R$ 2,4 milhões de janeiro de 2022 a setembro de 2023. Desse total, R$ 837 mil são relativos a 2022, e R$ 1,5 milhão a 2023. Os locais onde mais ocorrem furtos de papeleiras atualmente são Barra da Tijuca, Botafogo, Centro, Copacabana, Leblon, Recreio, Tijuca e Vila Isabel.

Quatro meses depois da inauguração, em julho, o balanço de eucalipto feito pela Comlurb no espaço instagramável no Mirante do Roncador foi furtado. O Caso ocorreu na madrugada de 13 de novembro. A companhia está produzindo um novo para ser recolocado em breve.

A Comlurb adotou novo sistema de controle que possibilita conseguir números mais precisos dos equipamentos furtados e depredados para análise e estudo, além de contabilização de prejuízos. Novos modelos de papeleiras estão em testes. Dois produzidos externamente em concreto e na parte interna com metal foram colocados no Parque Madureira e no Méier há cerca de um mês.

Pichações

As pichações em espaços públicos trazem prejuízos não somente à estética da cidade, mas também aos cofres públicos. Além de removedor e tinta antipichação, a Comlurb também emprega água de reuso sob pressão para enxaguar. Essa água, tratada pela Cedae, poderia ser utilizada em outros fins, como lavar áreas de feira livre e muitos pontos da cidade onde há mau cheiro causado por urina.

Em 2022, foram feitas mais de 4 mil intervenções para remoção de pichações, com cobertura de tintas, removedores e solventes. Até setembro deste ano, foram mais de 11.800 intervenções, o equivalente a cerca de 1.300 por mês. O custo só com removedor para retirada de pichações em 2023, até outubro, foi de R$ 73.981.

O busto de Orlando Silva agora foi feito em resina para evitar o furto – Prefeitura do Rio
O busto de Orlando Silva agora foi feito em resina para evitar o furto – Prefeitura do Rio

Monumentos e locais históricos

Em 2023, a Secretaria Municipal de Conservação recolocou o busto de Orlando Silva, no Cachambi. A peça, originalmente em bronze, foi remodelada em resina, material sem valor comercial, para tentar coibir os furtos. O Marco 11 da Fazenda Imperial de Santa Cruz também passou por recuperação e limpeza de pichações. Em junho deste ano, o busto de Marcílio Dias, que sofreu tentativa de furto e passou por restauro, foi recolocado. Outros monumentos restaurados voltaram aos seus lugares neste ano: as estátuas de Zózimo Barrozo do Amaral, no Leblon, e de São Pedro do Mar, na Urca.

Também houve restauro dos coretos da Praça Catolé do Rocha, em Vigário Geral; do Jardim do Méier; da Praça Seca, em Jacarepaguá, e do Coreto Estrela, no Parque do Flamengo.

Desde a inauguração da estátua em homenagem a Carlos Drummond de Andrade, em 2002, os óculos do monumento, instalado em Copacabana, já foram recolocados 14 vezes. A última intervenção ocorreu no ano passado. Desde 2002 a estátua foi pichada quatro vezes.

Ao longo de 2023, a Secretaria Municipal de Conservação religou o Chafariz dos Golfinhos, na Praça Paris, na Glória; os chafarizes Estrela e no entorno do monumento ao Almirante Tamandaré, na Praia de Botafogo; o chafariz Mulher com Ânfora, na Candelária; o chafariz Canhão, em Campo Grande; o chafariz cascata do Museu de Arte Moderna, no Centro; o chafariz Marco da Ilha do Governador e o chafariz da Praça Seca, em Jacarepaguá.

Religado no dia 2 de setembro, o Chafariz dos Golfinhos não chegou a ficar uma semana em atividade. Alvo de vandalismo em três ocasiões – uma delas em agosto, ainda no período de teste, e duas em setembro, depois de voltar a funcionar –, teve furtados mais de 300 metros de cabos e o comando elétrico inteiro. O prejuízo aos cofres públicos ultrapassou R$ 10 mil, sem levar em conta a mão de obra. Foram mais de dois meses em manutenção até que ele voltasse a funcionar, em 8 de novembro.

Em 2021, a Conservação restaurou o conjunto escultórico de Noel Rosa, em Vila Isabel, que havia sido vandalizado. No mesmo ano, foram religados os chafarizes do Largo do Machado; da Praça General Tibúrcio, na Urca; da Praça Saens Peña, na Tijuca; da Praça Edmundo Bittencourt, no Bairro Peixoto, e o Dança das Águas, em frente à sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova.

No Bicentenário da Independência, em 2022, a Conservação recuperou marcos históricos. Entregou a reforma da Quinta da Boa Vista, localizada no Bairro Imperial de São Cristóvão, após quatro meses de obras. Foram recuperados o jardim-terraço diante do Museu Nacional, os quatro portões da Quinta, os monumentos (estátua de D. Pedro II; Templo de Apolo; Gruta e Cascata; Pagode Chinês; Dólmens de Meditação; esculturas Canto das Sereias e Serpente; bustos de José Bonifácio, Auguste Glaziou e Nilo Peçanha) e os elementos em rocaille, como pontes, bancos e guarda-corpos. O busto de José Bonifácio foi remodelado porque havia sido furtado.

Ainda entre as ações pelo Bicentenário, foram restauradas as estátuas de D. Pedro I, na Praça Tiradentes; de José Bonifácio, no Largo de São Francisco; os monumentos da Praça XV (estátuas de D. João VI e General Osório, Chafariz do Mestre Valentim e Marco à Fotografia); e a Ponte dos Jesuítas, em Santa Cruz. A estátua de João Cândido, que ficava na Praça XV, foi transferida para um local de maior destaque na Praça Marechal Âncora.

Ainda em 2022, foram recuperados os Arcos da Lapa e religados os chafarizes da Avenida Princesa Isabel, em Copacabana; da Praça São João Berchmans, em Parada de Lucas, e da Praça Ben Gurion, em Laranjeiras. Também começou a ser executada uma grande revitalização do Parque do Flamengo, uma área tombada.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca