De acordo com o Dr. Ricardo Alonso, cardiologista da Clínica Felippe Mattoso e Labs a+, marcas do Grupo Fleury no Rio de Janeiro, as reações do organismo às baixas temperaturas levam à necessidade de algumas adaptações no sistema cardiovascular, que trabalha mais para manter seu equilíbrio.
“O frio ativa os receptores nervosos da pele, desencadeando uma maior liberação de adrenalina, hormônio que contrai os vasos sanguíneos, aumenta a frequência cardíaca e, consequentemente, intensifica o consumo de oxigênio pelo músculo do coração. A redução das vias de circulação sanguínea, mesmo pequena, pode provocar as rupturas de placas de gordura nas artérias que irrigam o coração, e essa ocorrência leva à possibilidade de formação de coágulos – em razão de uma tentativa de equilíbrio natural feita pela concentração de proteínas e plaquetas presentes no sangue. Todo esse processo, por fim, pode entupir as artérias e provocar o infarto. Caso esse processo ocasione na obstrução das artérias car&o acute;tidas (que levam o sangue ao cérebro) há risco de acidente vascular cerebral (AVC)”, explica o médico.
Entre os sintomas mais comuns do infarto estão dor no peito, no braço esquerdo, pescoço, costas ou no estômago, falta de ar e náuseas, que também podem ser iniciadas após esforço ou situações de estresse e, até mesmo, em repouso. “A dor pode ser em aperto, opressão, queimação ou de difícil caracterização. O fato é que qualquer sintoma deve ser investigado”, ressalta.
Prevenção e exames
Durante o Inverno, as pessoas tendem a se exercitar menos, ingerem poucos líquidos e consomem alimentos mais gordurosos e calóricos, hábitos que também aumentam os riscos de doenças do sistema cardiovascular. Outros fatores como a apneia do sono – que pode aumentar o risco de hipertensão arterial – também acabam tendo influência.
O Dr. Ricardo Alonso alerta que, nesta ou em qualquer época do ano, as pessoas devem ter hábitos de vida saudáveis, usar roupas adequadas para cada estação – principalmente no Inverno para se manterem aquecidas – ingerir no mínimo dois litros de água por dia, evitar alimentos gordurosos e salgados, manter atividade física de leve a moderada intensidade, se possível, sob orientação de um profissional e realizar consultas médicas periódicas e exames cardiológicos preventivos capazes de identificar fatores de risco, como colesterol elevado, hipertensão arterial e diabetes.
Outro fator que demanda atenção em relação às enfermidades cardiovasculares nessa estação é a maior frequência de doenças respiratórias e a presença de infecções, que podem aumentar o risco de acometimento cardiovascular. “A vacina contra os vírus da gripe oferecida gratuitamente pelo SUS nos postos de saúde é uma opção de extrema importância na prevenção da gripe e consequentemente das doenças respiratórias e cardíacas, que podem vir associadas ao estado gripal. Então, todas as pessoas incluídas nos grupos prioritários, conforme divulgação do Ministério da Saúde, devem ser vacinadas. A imunização anual é necessária porque com o passar do tempo os níveis de anticorpos em nosso organismo diminuem. De 2020 para 2021 houve alteração de 50% das cepas do vírus da gripe (influenza)”, ressalta o médico.
Os exames indicados são desde os mais simples, como o eletrocardiograma e o teste de esforço ou ergométrico, até os de imagem, para a investigação necessária nas pessoas com dificuldade de realizar o exercício na esteira ou na bicicleta. Os exames de imagem, como o ecocardiograma de repouso, permitem avaliações estruturais e da função cardíaca, além de serem úteis para doenças congênitas. Ainda, pode-se investigar a presença de obstruções nas artérias do coração de forma não invasiva com a cintilografia miocárdica e angiotomografia computadorizada dasartérias coronárias para entender o grau de obstrução e a repercussão na irrigação do miocárdio (músculo do coração). A ressonância magnética cardíaca também é importante, visto que avalia a função cardíaca, alterações estruturais e viabilidade do músculo.
“A medicina personalizada e preditiva contribui para a realização de exames e para o diagnóstico correto e precoce, sejam de rotina ou para acompanhamento, dependendo do risco estabelecido conforme as características e histórico do paciente”, conclui o cardiologista