No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais incidente na população masculina em todas as regiões do país, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma. Atualmente, é a segunda causa de óbito por câncer nesse público. Para o triênio 2023-2025, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 71,7 mil novos casos por ano. Com a proximidade do mês mundial de combate ao câncer de próstata, Novembro Azul, o Ministério da Saúde reforça que o diagnóstico precoce possibilita melhores resultados no tratamento. Em Nota Técnica, a pasta ressalta, ainda, que o rastreamento – exames de rotina – não é indicado para pessoas assintomáticas.
Homens que apresentam alguma alteração suspeita, como dificuldade de urinar, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite e sangue na urina, devem procurar uma unidade de saúde. A investigação do câncer de próstata se dá pelo exame de toque retal e pelo exame Antígeno Prostático Específico, o PSA. Para confirmar a doença, também é preciso realizar biópsia, indicada caso seja encontrada alguma alteração nos exames anteriores.
A orientação de não investigar homens assintomáticos se fundamenta em estudos que mostraram que o sobretratamento — tratamento de cânceres que não iriam evoluir a ponto de ameaçar a vida — pode gerar importante impacto na qualidade de vida dos homens, apresentando, como consequência, disfunção sexual e urinária. Uma das principais pesquisas sobre câncer de próstata, o estudo ‘European Randomized Study of Screening for Prostate Cancer’ (ERSPC), revelou que o rastreamento pode reduzir a mortalidade causada pela doença, no entanto, eleva as taxas de sobrediagnóstico. Isso significa que, em alguns casos, as pessoas são diagnosticadas com câncer, mas a doença não se desenvolveria clinicamente e não causaria danos ao longo da vida.
A doença detectada no rastreamento pode levar à necessidade de novos exames para a investigação diagnóstica, podendo gerar necessidade de biópsia e complicações como dor, sangramento e infecções, além de ansiedade e estresse no indivíduo e na família, com pouco benefício aos pacientes. Para o Inca, os benefícios de realizar esses exames são incertos e é mais provável que a pessoa tenha o diagnóstico de um câncer que não vai evoluir, gerando exposição desnecessária aos riscos do tratamento.
Para o coordenador da saúde do homem, Celmário Brandão, a estratégia mais adequada com relação ao tema é uma abordagem mais integral da saúde do homem. “É importante incentivar essa população a procurar a unidade de saúde para acompanhamento, independentemente da idade. O esforço do Ministério da Saúde é para o fortalecimento das ações educativas e de comunicação em saúde direcionadas à população masculina sobre autocuidado e prevenção dos cânceres mais prevalentes, além de outras doenças crônicas”, explicou.
Fatores de risco para o câncer de próstata
Entre os principais fatores de risco para o câncer de próstata estão a idade (incidência e mortalidade aumentam significativamente após os 60 anos), o histórico familiar (pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos) e a alimentação (sobrepeso e obesidade). A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca ações e mudanças de hábitos que ajudam a reduzir os fatores de risco, como controle do tabaco, prevenção ao uso do álcool, prática de atividade física, alimentação saudável, combate ao sedentarismo e à obesidade, dentre outros.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece informação e atendimento com equipes multiprofissionais aptas a realizarem diagnóstico e acompanhamento desta população em todos os ciclos da vida. Além de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos e radiológicos, procedimentos cirúrgicos e tratamento em hospitais habilitados em oncologia. O Ministério da Saúde acrescenta que as informações não substituem uma consulta médica. É fundamental que a população procure a ajuda profissional no serviço de saúde.