Estou grávida: quais chás posso tomar?

Diário Carioca
Chá na gravidez: pode ou não pode? (Foto: Shutterstock)

Que os cafés e bebidas com cafeína são prejudiciais ao período de gravidez, já é sabido. Mas, eles não estão sozinhos. Apesar de diversos chás serem benéficos às mulheres e bebês durante a gestação, há opções que devem ser seriamente evitadas enquanto a mulher estiver grávida. Natalia Barros, Nutricionista Mestre em Ciências pela UNIFESP e fundadora da NB Clinic, revela os sinais verdes e vermelhos para o consumo de chás durante a gravidez.

“A gravidez é um período de mudanças fisiológicas significativas no corpo da mulher, e muitas gestantes recorrem ao consumo de chás como uma forma de aliviar desconfortos frequentemente associados a essa fase. No entanto, a prática do consumo de chás durante a gestação é cercada por mitos e verdades que merecem uma avaliação rigorosa à luz da evidência científica”, inicia a especialista.

Ela informa que alguns chás contêm ervas que podem ser prejudiciais, afetando os hormônios e o desenvolvimento fetal. Além disso, acrescenta Natalia, os chás não podem entrar como substitutos da hidratação. “A água é fundamental durante a gestação para manter a hidratação adequada e garantir o desenvolvimento saudável do bebê. O consumo excessivo de chás pode levar a uma ingestão insuficiente de água”, alerta.

Diante disso, a nutricionista aponta, inicialmente, os chás autorizados e favoráveis ao processo de gestação:

Chá de Gengibre (Zingiber officinale): Amplamente conhecido por sua capacidade de aliviar náuseas e vômitos, sintomas comuns durante a gravidez. Estudos têm demonstrado que o gengibre é seguro quando consumido em quantidades moderadas durante a gestação. Acredita-se que seus compostos ativos, como os gingeróis, exerçam efeitos antieméticos e anti-inflamatórios. No entanto, é importante salientar que o consumo excessivo de gengibre pode aumentar o risco de sangramento, devido às suas propriedades antiplaquetárias.

Chá de Casca de Frutas: Chás de casca de maçã, pêssego ou laranja são geralmente considerados seguros durante a gravidez. Além de oferecerem uma variedade de vitaminas e antioxidantes, são pobres em cafeína e, portanto, representam uma opção menos arriscada para as gestantes. No entanto, é importante não exagerar no consumo, uma vez que cascas de frutas cítricas podem contribuir para sintomas de azia em algumas mulheres.

Natalia Barros
Natalia Barros

Agora, Natalia Barros indica os chás a serem evitados durante a gravidez:

Chá de Camomila (Matricaria chamomilla): Apesar de a camomila ser frequentemente recomendada como um calmante natural, seu uso durante a gravidez é motivo de preocupação. Alguns estudos sugerem que a camomila, quando consumida em quantidades elevadas, tem propriedades abortivas e emenagogas, ou seja, que estimulam a menstruação e o relaxamento uterino, podendo aumentar o risco de abortos. Alguns princípios tóxicos, como os terpenos, podem ser prejudiciais na gestação e causar efeitos adversos. Os terpenos promovem relaxamento no músculo do útero, dificultando a fixação do embrião, podendo ocasionar aborto. Estudos mostraram maiores indícios de aborto espontâneo e partos prematuros nas gestantes que faziam o uso constante da camomila.

 Chá Verde (Camellia sinensis): Fonte rica em catequinas e cafeína, que, consumida em excesso durante a gestação, pode estar associada a complicações como parto prematuro e baixo peso ao nascer. Portanto, chás contendo chá verde devem ser evitados.

Erva Doce (Foeniculum vulgare): A erva doce é frequentemente utilizada para aliviar problemas digestivos. No entanto, seu consumo em grandes quantidades pode estimular as contrações uterinas, o que levanta preocupações sobre seu uso durante a gravidez.

Erva Cidreira (Melissa officinalis) e Mate (Ilex paraguariensis): Ambos contêm cafeína, o que torna seu consumo desaconselhável durante a gravidez, devido aos riscos associados à cafeína já mencionados.

Natalia reafirma a importância de acompanhamento nutricional durante a gestação por este e outros motivos. “É fundamental que as gestantes consultem um nutricionista para orientações específicas sobre a dieta e o consumo de chás durante a gestação, visando assegurar a saúde materna e fetal durante esse período crítico”.

SOBRE NATALIA BARROS:

  • Nutricionista – Centro Universitário São Camilo
  • Mestre em Ciências Aplicadas
  • Departamento de Nutrição da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
  • Fundou a primeira Pós-graduação em Saúde da Mulher e Reprodução Humana do Brasil
  • Docente convidada – Pós-graduação em Nutrição Materno infantil (USP)
  • Aprimoramento em Nutrição Humana e Metabolismo Stanford University
  • Extensão em Saúde da Mulher AGE Educação em Saúde
  • Extensão em Comportamento Alimentar Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-HCUSP)
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