RAQUIANESTESIA: quando é indicada e como é feita?

Diário Carioca

Você já fez ou vai fazer alguma cirurgia que precisa utilizar a raquianestesia? Sabe como é feito o procedimento? Neste episódio, o médico anestesista Dr. Eduardo Yanasse nos conta sobre a raquianestesia.

A raquianestesia, ou raqui, é uma técnica anestésica muito utilizada. Trata-se de uma anestesia em que é realizada uma injeção de anestésico no espaço onde se encontra a medula espinhal.

Os nossos nervos saem da nossa medula espinhal e se espalham por todo nosso corpo, estão por toda a parte e possuem diversas funções, eles são os responsáveis por levar as informações do cérebro até nossos músculos. Também transmitem as diversas informações de volta para o cérebro, como por exemplo, a dor.

Sabendo por onde esses nervos passam, é possível bloquear essa transmissão nervosa, injetando anestésicos locais em pontos específicos do corpo, como se cortasse um fio que liga uma lâmpada por um certo tempo, e mesmo que apertasse o interruptor diversas vezes, essa lâmpada não ligaria. No caso da raquianestesia, o líquido anestésico é injetado numa parte central, onde está a medula espinhal.

A nossa coluna vertebral é formada pelas vértebras cervicais (pescoço), torácicas (tronco) e lombares (cintura), pelo sacro e o cóccix. A medula espinhal, que é o tronco principal, se conecta ao nosso cérebro e desce um por um canal dentro das vértebras que formam nossa coluna e termina próximo a nossa primeira vértebra lombar. 

Por todo esse trajeto a medula fica imersa nadando em um líquido transparente, o líquido céfalo raquidiano, ou simplesmente líquor, um líquido transparente, bloqueando todas as fibras presentes nessa região.

O procedimento é feito com uma agulha bem fina e o anestésico é aplicado no final das nossas costas, abaixo das vértebras lombares, onde já não tem mais a medula espinhal.

A raquianestesia é feita com o paciente sentado e a agulha é utilizada para perfurar uma membrana chamada ‘Dura-Matér’, assim o anestésico vai ser injetado e se diluir no líquor, bloqueando todas as fibras nervosas que estão por perto. 

É importante destacar que o tipo de anestésico local utilizado, assim como a posição do paciente nos primeiros minutos após a aplicação, são fundamentais para determinar qual região do corpo será priorizada.

Para quais cirurgias a raquianestesia é indicada? Normalmente, a raquianestesia é utilizada em procedimentos que ocorrem da cintura para baixo, ou no máximo até a região do abdômen, como cirurgias de quadril, joelho e até em cesáreas.

A raquianestesia também pode ser utilizada junto com a anestesia geral. Quando uma cirurgia possui uma duração muito longa e o paciente precisa ficar na mesma posição por horas, ou quando essa combinação pode trazer benefícios de alguma forma. Mas depende da situação, cada procedimento tem suas necessidades. 

Restrições para a raquianestesia Não é todo paciente que pode receber a raquianestesia, existem algumas contraindicações para esse procedimento.

Uso de Anticoagulantes Infecções em locais que foi realizada uma punção venosa, que é a retirada de qualquer fluido ou massa do corpo humano Recusa do paciente Com a raquianestesia o paciente dorme ou fica acordado?  A raquianestesia não vai interferir na questão do sono, como é feito na cesárea, o paciente recebe a anestesia e continua acordado durante todo o procedimento. Já em outras cirurgias em que não é necessário que o paciente fique acordado, é aplicada outra anestesia além da raquianestesia.

Quais são os riscos da raquianestesia? Apesar de ser um procedimento bastante seguro, obviamente, não é impossível que haja complicações. Uma das queixas mais comuns é a dor de cabeça, que piora quando o paciente se levanta ou fica sentado e melhora quando se deita, e é mais comum em mulheres jovens. Mas essa é uma queixa um pouco antiga, pois está relacionado ao tipo de agulha que era utilizado, uma mais grossa. E essa dor geralmente é tratada com uma boa hidratação e com analgésicos.

Após a raquianestesia pode levantar a cabeça? Mito!!! Esse é apenas um boato que foi passado de uma pessoa para outra, mas que já foi demonstrado não ter relação nenhuma com a dor de cabeça ou com outras complicações do procedimento. Portanto, pode movimentar a cabeça sem medo. 

Para mais informações, assista o vídeo no canal Dr. Ajuda.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca